Diário de Liv

sábado, abril 17, 2010

Imprescindível

"Distraída, nem percebi quando ela chegou - e me pergunto se perceberia, mesmo que estivesse atenta -. Despudorada, invadiu meu mundo sem aviso prévio, mais parecia um vendaval. Virou tudo de ponta-cabeça, tornou-me mais pulsante, menos analítica e em diversos momentos, completamente idiota. Fiquei presa à sua teia como um inseto impotente, não adiantava debater-me. E foi assim que me vi sem rumo, sem prumo... descompasso passou a ser meu nome. O fio de Ariadne que há muito me servia em caminhos desconhecidos, simplesmente evaporou. A partir dali, qualquer direção, qualquer prosa, qualquer instante seria perfeito desde que em sua arrebatadora e insana companhia. Enraizou-se! Diariamente eu alimentava a sua fome e matava a sua sede em um sentido amplo e irrestrito. Por algum tempo, julguei que assim a tornaria cativa. Ledo engano... eu que a cada instante percebia-me mais imbricada em suas tramas. Um belo dia, quando a vi tão plácida quanto águas profundas – o reverso de quando chegara -, deparei-me com a realidade: o “pra sempre” ali jazia. Não tive tempo de me despedir. Ela partiu sem sequer, olhar para trás. Tirou-me o chão! (...) Durante um bom tempo abstive-me, fiz-me cética, racional, insuportável a mim mesma quando, finalmente, no meu caos particular, aprendi que ela – a paixão – me é imprescindível... brota de tudo que exija o melhor de mim!"

Lou Vilela  http://nudezpoetica.blogspot.com

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