"O maior presente que alguém pode dar para outra pessoa é a sua inteireza. Quando estamos inteiros, coloridos estamos. Quando estamos coloridos, pincel nos tornamos sobre a pele dos que padecem em eterno ocre. Não existe beleza maior do que a bem-aventurança de estar inteiro. Mas é preciso coragem para assim ser, porque toda inteireza nasce de uma espuma chamada “risco”. Estar inteiro é se abandonar o tempo todo para que a possibilidade nos engravide de sonhos. Está inteiro quem não sabe para onde ir, mas mesmo assim, vai. Está inteiro quem ri sem motivo, quem reconhece o glacê sobre as horas, quem não se apavora diante de um dia feio. Para ser inteiro é preciso um bocado de loucura, também, afinal, o mundo é feito de partes e o diferente sempre padece no paraíso perdido da ausência de reflexo. Para ser inteiro é preciso ser amante! Amante de si mesmo, da obra que escreve, da peça que apaga. É preciso ser amante de quem atravessa o caminho ou simplesmente aparece para partilhar insônias. É preciso ser amante de alguém escolhido, do próprio amor, do caminho. Para ser inteiro é preciso saber dizer “não”. Não para as sobras, rimas pobres, sanguessugas, dobras. Aquele que está inteiro não precisa fingir que inteiro é ecoando sim, sim, sim... Se sabe inteiro e não precisa que ninguém torne real sua “inteiridão”. Ser inteiro é o melhor presente que podemos dar a alguém, pois não há nada melhor do que o reflexo da inteireza perdida na pupila de quem nos mira."
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