Diário de Liv

quarta-feira, março 08, 2006

UM DIA DAS MULHERES

DECIFRA-ME!
Uma homenagem do Grupo DIVAS (Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual)
às mulheres, pelo 08 de Março
"Não sei quantos mistérios possuo, quantos sentidos me invadem,
quantos desejos invento, quantos amores revelo.
Por isso sou assim: reticências, penumbras, esfinges,
dúvidas, certezas, corações, delírios, fantasia.
Sou a máscara do drama que enfrenta
a comédia sem graça das piadas machistas, do preconceito visível
que derrama sobre nós a lama da insensatez, do que é desumano, vil.
Sou todas as faces marcadas pela agonia do não-direito,
da repressão, opressão, de um tempo marcado pelo autoritarismo,
pela violência de gênero, pela barbárie.
Sou o rosto enrugado que não é respeitado.
E surge em mim o desengano, o amargo da vida, o pessimismo,
a subalternidade, a lástima, a palidez de uma estrela não iluminada,
uma chama que já não queima.
Tenho medo e me vejo num esquivo usual dos perigos que me envolvem,
que me atormentam, que me perseguem secularmente.
E nos mares da complexidade que a cada instante emerso,
lembro-me das entranhas que se fazem vidas,
do fogo-fátuo que habita minhas florestas e sinto a força que me alicerça.
Lanço mão dos guardados de dentro de mim, dos frascos de coragem,
audácia, combatividade e malabarismos para enfrentar o dia-a-dia,
a labuta, os preconceitos, a violência covarde e sexista.
Eu sou essa dialética feminina que me revolve por dentro e por fora,
que se faz presente na marcha pela história.
Eu sou as contradições, o sexto sentido que funciona,
o olho que vê mais adiante da janela, a avidez da aurora,
as cores múltiplas e ousadas do arco-íris,
eu sou a esperança verdejante e primaveril.
Sou, também, o próprio escárnio, o beijo adocicado
ou aquele cheio de pecado cheirando a inferno.
Sou o canto das DIVAS, o som dos soluços que ecoam
dos rios de lágrimas que se formam meio à aridez do deserto,
sou o som dos tambores afros, da poesia agridoce e moderna de Hilda,
da pintura brasileiríssima de Tarsila,
sou o som das mulheres de Tejucupapo,
o som ignominioso e horrendo das mulheres violentadas,
machucadas, despedaçadas.
Mas há em mim o que nunca se sacia: o refazer...
De ser lirismo face a escuridão,
de ser a liberdade mediante à proibição,
de ser o grito quando se exige o silêncio,
de ser a flor quando os canhões já anunciam
em quase toda parte do mundo o estado de terror.
Eu sou essa mística que se fabrica no altar da luta,
pelas pétalas de tantas Rosas Luxemburgos,
de tantas Florbelas, de tantas Antônias, anônimas e Quitérias.
Sou essa poesia construída tacitamente,
feita de revolta, amor, de dores,
feridas saradas e cicatrizes ainda abertas.
Poesia cheia de sentimentos,
de desabafos poéticos com seus vôos diários
que alcançam sempre o imaginário, s
em ter a pretensão de decifrar a magnitude
e a sensibilidade de ser Mulher... "
Andréa Lima
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"Nada mais contraditório do que "ser mulher"...
Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.
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Que vive milhões de emoções num só dia e transmite cada uma delas, num único olhar.
Que cobra de si a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros, daqueles a quem ama.
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Que hospeda no ventre outras almas, dá a luz e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar mas não quer ver partir os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
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Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba mais tais detalhes.
Que como uma feiticeira transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma, só pra ninguém notar.
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E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros para quem neles precise chorar.
Feliz do homem que por um dia souber, entender a alma da mulher! "

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