Diário de Liv

domingo, julho 16, 2006

Um tempo de lembranças!

"Um improvável, porém feliz reencontro, fez-me, então, pousar os olhos sobre a ferida. Entre frases tais: 'agora a vida segue outro rumo e a história não nos pertence mais', ou: 'acho que a vida nos engoliu e nos mostrou que o tempo realmente não pára e não poupa nada', eu acedi a tudo aquilo que um dia, imprimiu-me dor.
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Apaziguei-me. Eu, que vivi o sertão por dentro, e achei que não mais fosse pisar numa terra úmida, cheirando a brisa, sofri; só até que os sentidos se aclarassem de novo, e o mar da vida reabrisse, só até que eu voltasse a navegar, outra e mesma, nas águas de mim!
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Deixa eu falar desse reencontro, que é também uma despedida, daquilo que por ocasião remota, ainda fustigasse o meu ser. Cirandaram o pó das ampulhetas, para que eu pudesse, por anacronismo, reviver dias que já me deram adeus, amores que dobraram esquinas de ruas que não existem mais, ou ganharam outros nomes.
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Deixa eu contar da insuspeita satisfação de saber-lhe filhos, cabelos brancos. E ver correr o tempo, e ver doer a vida. Em saudade pressentida, nem por isso, transformada em cobiça. Lembranças!, coleções que não se veste, contempla-se. Admira-se no particípio: doído, sentido.. redimido!
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Acalentei no ventro estéril para revivências, os fluxos da última seminação. Refervi o sumo dos novos tempos, com o líquido do ontem, para que houvesse herança nas memórias do broto, recém-colhidas; para que a história de um momento novo ganhasse realce, e para que a tristeza, com o destempero do seu dissabor, nunca adulterasse pro amargo, o paladar dos sonhos que eu ainda viesse a ter."
Lolotte ®

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