Diário de Liv

sexta-feira, setembro 28, 2007

"Começo minha prosa de agora com algo que não saiu da minha boca, mas encantou meus ouvidos. Escrevo como se minha língua tivesse dito isso sempre. 'Eu poderia entoar um canto e o entoarei, ainda que esteja sozinho numa casa vazia, e tenha que cantá-lo para os meus próprios ouvidos'. Acho no fundo que já falei, e usei outras palavras, e pensei em outros sentidos. Foi isso, então. Semana passada mesmo, mesma sexta que hoje, entoei um canto de solidão e me arrepiei - eu sempre me arrepio quando chego no profundo de mim.
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Solidão com pessoas, com amigos, amigas, mãos, olhos, sorrisos de cidades distantes, reflexões. Mas solidão, mesmo assim. De quem entrou num vácuo, onde os sons são ecos distantes, a visão é desfocada, o calor é fugaz. Fui eu que cheguei aqui? Podia ter escolhido outro caminho? Noto que minha resistência está à prova diante da imprevisibilidade das coisas, meus planos de construir uma cidade, de limpar minha casa, conquistar minha existência.
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Quem sabe seja isso. Ou, por certo, não. Criei uma batalha onde só eu posso lutar! Sem ninguém, sem forças além daquelas que se misturam aos meus pensamentos. Nem metafísica, nem deus, nem nada. Quero entrar num barco, quero entrar num deserto, quero congelar minhas referências, cortar, soltar. Até encontrar algo, deus, diabo, minha imagem refletida.
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Isso tudo pesa sobre meus ombros no momento de tomar decisões duras, de realizar obras; dirigir uma cidade deve ser exatamente isso: viver muitos, cair em abismos, subir ladeiras! Desculpem a confusão da casa. A porta ainda será sempre aberta, mas cada vez um outro estará a sorrir."
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:: da letra de Nietzsche
renneslechateau.blogger.com.br/

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