Diário de Liv

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

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A síndrome do "SERÁ?"
Coluna Paulo Angelim
"Não sou masoquista. Não tenho compulsão em sofrer, nem, sadicamente, gosto de ver o sofrimento do outro. Uma vez, ouvi de uma amiga a seguinte afirmação: "Não gosto de sofrer!". Ora, tenho certeza que a esmagadora maioria das pessoas responderia o mesmo, se lhes fosse perguntado se gostam de sofrer. Ninguém gosta, ninguém quer. POIS ESSE É O PROBLEMA!!! Explico. O sofrimento, a dor, é inevitável, faz parte da vida, da existência. Mostre-me alguém que nunca sofreu e lhe mostrarei alguém que não tem sentimentos ou que ainda não viveu.
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O problema não está no fato de não gostarmos de sofrer, ou de sentir dor. O problema reside no fato de pessoas desesperadamente lutarem para evitar o sofrimento. Pense bem: se ele é inevitável, então é loucura, tolice, ou perda de tempo lutar desesperadamente para evitá-lo. Ele virá, quer você queira ou não. O correto seria criar uma mente e coração preparados para o sofrimento. Pessoas que gastam suas energias e seu tempo tentando evitar o sofrimento esquecem de construir as condições necessárias para enfrentá-los. Tornam-se débeis, frágeis, enfim, despreparadas. Não reúnem as características de personalidade e caráter necessárias para enfrentar e superar a dor, principalmente a da alma. Ou seja, NÃO TÊM DEFESAS, pelo simples fato de terem evitado se expor às contrariedades.
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Você conhece bem o princípio fisiológico da imunização, ou do que chamamos "criar defesas no organismo". Pois bem, não é diferente na alma. Pessoas que evitam sofrer não crescem, pelo simples fato de não quererem correr o risco de sentir a dor do fracasso. Elas, antecipadamente, visualizam a derrota, imaginam a dor conseqüente da mesma, e não dão um passo à frente. Esse é o problema de quem evita o sofrimento: se esconde do avanço, do crescimento e do sucesso. Por que não querem sofrer não concorrem às melhores posições no trabalho; não investem nos relacionamentos que tanto desejam; não ousam em suas idéias e projetos por medo da rejeição. Elas voam baixo, sonham pequeno, crescem pouco. Mal sabem elas que é na dor, no sofrimento que se mais cresce.
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Não existe quebra de recordes, grandes vitórias, superação sem o sofrimento da dor. Lógico que também crescemos na vitória, na conquista. Mas este é um crescimento que traz embutido sua parcela de perigo, pois pode gerar uma falsa sensação de poder, de suficiência, de perfeição. A dor da derrota, da rejeição, do desprezo PODEM ser transformadas em poderoso combustível para a melhoria, para o aperfeiçoamento, enfim, para o crescimento. Mas não se consegue isso com uma postura de "não quero sofrer". Eu não estou falando de criar em você uma pessoa insensível, dura, amarga. Engana-se quem pensa que essas pessoas, por agirem assim, estão mais preparadas para enfrentar o sofrimento. Essas, na verdade, sofrem mais.
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Já lhe falei, sofrer e sentir as dores conseqüentes do sofrimento são inevitáveis. Os duros, frios e amargos sofrem mais porque não dão vazão à dor, e se encolerizam. Pelo contrário, se preparar para a dor do sofrimento significa amolecer a alma, tornar-se mais flexível, aceitar as contrariedades, mas tomar a decisão de APRENDER COM ELAS. A pergunta diante da dor deveria ser: "e agora, o que eu faço com você: me abato ou aprendo e me supero?" É necessário que compreendamos que sofre mais quem sofre antecipadamente, porque além de ter que duelar com a mediocridade e nanismo de seu caráter e valor, carregará para sempre a dor da dúvida: "será que eu conseguiria; será que eu conquistaria; será que eu venceria?" É a síndrome do "será"!
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Pois eu lhe pergunto: será que vale à pena viver assim? Será que faz sentido viver evitando a dor? SERÁ?"
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"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."

William Shakespeare

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