Diário de Liv

segunda-feira, março 13, 2006

"O que eu penso sobre o amor entre duas pessoas?"

Ora, que difícil de responder.
Um dia eu achei que amar era guardar um sentimento platônico e perfeito por alguém distante, admirar, idealizar, sonhar com aquela pessoa, e desejar algo que nunca viria. Mas com o tempo, descobri que não podia ser só isso, porque o amor se alimenta de troca, não de ilusão.
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Depois eu achei que o amor era algo que nunca dava errado, um roteiro emocionante e bem escrito que, quando bem encenado, deixava satisfeito os atores e a platéia, ainda que fosse uma comédia de erros. E topei encenar alguns trechos. Mas comecei a pensar que não podia ser bem isso, porque o amor que não é feito de verdade e profundidade não sobrevive ao fim do primeiro ato.
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Aí eu comecei a pensar que o amor era um jogo de estratégia. Bastava escolher bem o parceiro, bolar os passos a serem dados e controlar as variáveis. Fiz muitas continhas, calculei bem direitinho, fiquei satisfeita com tanto controle e me sentia segura na mesmice do cotidiano. E tudo até que deu certo por um tempo. Mas aí eu descobri que amor sem emoção, sem imprevisibilidade e sem derrotas não aquecia o coração, ao menos não como eu acho que deva estar aquecido um coração que ama.
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Então veio a idéia de que o amor era um enchente de emoções, algo que, para ser bem forte, tinha que ser bem dolorido, bem intenso. Então eu amei desse jeito, chorava e sorria da maneira mais genuína que existe, dependi, precisei de alguém. Me sentia totalmente tomada pelo amor e tudo que vinha da pessoa amada. Mas então eu descobri que o amor não era só isso, porque quem ama precisa de paz quase na mesma proporção que precisa de inquietação, que amor não precisa doer tanto e que nenhum amor pode ser mais forte do que o amor que a gente sente por si mesmo.
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E foi quando veio a impressão de que o amor era um diálogo maduro e sensual entre um homem e uma mulher, um monte de conjecturas intelectuais entremeadas de encontros sexuais intensos e arrebatadores, que não precisava de nenhuma espécie de compromisso. E foi assim por um tempo. Mas depois ficou meio estranho, porque o amor parece pedir um pouco de parceria e aprofundamento, coisa que só se consegue com o coração aberto ( e não só o corpo e a mente ).
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Então eu comecei a investir em algumas experiências, porque pensava que o amor era algo que eu poderia ter pra mim, em mim, e que conseguiria tirando um pouco de cada pessoa com quem estivesse. Mas também não deu... Porque o principal do amor é ter um pouco de constância, de conhecimento de um outro, um mesmo outro que se deixa conhecer aos poucos, e sempre.
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Depois eu desisti do amor por um tempo. Porque precisava cuidar bem de mim, porque me magoei demais... Ou porque eu cansei, mesmo. Mas não existe cansaço que não se cure com um pouco de reclusão e descanso.
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E hoje, eu não sei bem o que o amor é, não. Não sei se é tudo isso junto, não sei se é nada disso. Só sei que ele já esteve comigo, e que faz muita falta.

De qualquer forma, é sempre um prazer descobrir...”
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Mafalda Crescida
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Sempre
Chico Buarque
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"Sempre
Eu te contemplava sempre
Te mirei de mil mirantes
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
E as estrelas cintilantes
Que se foram para sempre
No teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que o bastante
Quando em cada instante é sempre"

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