"Quando ele teve certeza. (monologo condicional II)
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No refúgio da desconfiança ele, na paz, dormia. Ressonava baixinho protegido pelos lençóis de uma ignorância alimentada . Ele não queria saber e, por isso, não sabia.
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Ate que um belo dia passou um vendaval carregando chuvas lacrimais, e verbos, nomes e pronomes. Tentou se segurar, protegeu, com as mãos, os ouvidos do frio e do som. Protegeu a alma da informação.
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Gritou mais alto para abafar o ruído e usar da razão. E aí o vento passou, a chuva acabou. Mas as folhas, e as poças e as frases haviam mudado toda aquela paisagem.
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Era aquela mesma fotografia vista e revista outra. Eram outras cores, outros tons. Outras luzes que cegavam e traziam calor.
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Depois do vendaval, alguma coisa nele mudou.
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A informação aguda impondo uma certeza a desequilibrar um pouquinho a alma. A certeza, aquilo que não se pode mais ignorar ou negar.
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Uma certeza amarga, indesejada e repulsiva. Uma certeza doce, delicada e colorida.
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Uma certeza certa que mudaria tudo, que mudaria o mundo, não fossem essas convicções estranhas que nos impelem a manter as coisas sempre no mesmo lugar.."
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