"Ausência
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Haverei de levantar a vasta vida
Que ainda agora é teu espelho:
Cada manhã haverei de reconstruí-la.
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Desde que te fostes
Quantos lugares se hão tornado vão
E sem sentido, iguais
As luzes do dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
Musicas em que sempre me aguardavas,
Palavras daqueles tempos
Eu terei que quebrá-las com as minhas mãos.
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Em que profundeza esconderei minha alma
Para que não veja tua ausência,
Que como um sol terrível, sem ocaso,
Brilha definitiva e desapiedada?
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Tua ausência me rodeia
Como a corda à garganta
Como o mar ao que se derrete."
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Jorge Luis Borges
http://serpoeta.blogspot.com/
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