Diário de Liv

sábado, outubro 22, 2005

SONETO DA PERDA

Eu temo perder um dedo, perder o juizo,
menos em perder um dente, mais em perder um amigo,
temo perder a mim mesmo, perder o abrigo,
temo em perder o tempo ainda não perdido.

Não temo errar, temo em ter esquecido,
algum detalhe funesto ainda não visto,
algum erro perverso, algo negro e escondido,
que erro é esse que teima em não ser visto?

É o erro de se apegar no que deve ser perdido,
de perder o que deve ser mantido,
de amar o que deve ser esquecido.

Pois o maior erro que cometo é comigo,
de perder o que preciso e guardar o empencilho,
de ter o coração maior que o infinito.

Ricardo de Souza

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