Engano!
que irás me abandonar, friamente, amanhã,
e que sob o encanto dos meus olhos, ganha
outro encanto o teu desejo, mas não me defendo.
Espero que qualquer dia isto acabe,
pois adivinho, na hora, o que pensas ou queres.
Com voz indiferente te falo de outras mulheres
e até tento o elogio de alguma que foi tua.
Mas sabes tu menos que eu, e um tanto orgulhoso
de que eu te pertença, em teu jogo enganador
persistes, com ar de ator dono do papel
Eu te olho com meu sorriso duplo,
e quando te entusiasmas, penso: não te apresses,
não és tu que me enganas, quem me engana é meu sonho."
(Alfonsina Storni, 1982 — 1938."O Engano".)
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