Diário de Liv

quarta-feira, janeiro 03, 2007

"Este ano resolveu que as coisas iam ser diferentes.
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Não esperava mais morrer antes de envelhecer, ao contrário da canção, porque envelhecia um pouco mais a cada dia, um pouco mais a cada ano, mas carregava no tempo meia dúzia de sonhos, esperanças, esperas e possibilidades.
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Não esperava, como em tempos anteriores, que acabassem os velhos dias e outros novos começassem, porque era sempre a mesma incômoda sensação de que coisas demais foram ditas, de que coisas demais foram ouvidas, de que coisas demais ficaram para trás, e elas nem sempre tinham conserto; quase nunca, aliás.
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Não esperava mais nada, embora soubesse que as primeiras horas do ano traziam também o aconchego e a sensação de que mudar é preciso e possível, de que precisões e possibilidades serviam para alimentar amanhãs, relógios e calendários, e podiam, de algum modo, dar certo.
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Tinha, como quase todos, um ano a mais e um tanto a mais de cansaço, desgaste e histórias que nem sempre gostaria de contar; mas tinha também o contrário, histórias que queria contar, esperança de que houvesse menos apego e menos dor, mais tempo, mais presença e mais sossego.
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Porque este ano resolveu que as coisas iam ser diferentes."
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