Miragem...

"E agora me reaparece você, que tem o poder de me fazer alegre com uma palavra de aceitação, uma coincidência, um indício de cumplicidade. Você que foi há tanto tempo tão importante que me fez pensar se o que eu queria pra mim agradava a outro ser - coisa absurda, que só inebriado de muita fascinação é possível pensar. Me vem você, de longe, do nada, de um vento, uma brisa fresca e revigorante, porém brisa... que passa. E tem ainda um poder de impressão, uma voz ativa (suave... invejável e forçosamente suave) e uma altivez sobre mim... que é como se o tempo não houvesse passado, e fosse ainda a mesma fixação adolescente e enferma que me houvera habitado. Reaparece-me você, como uma das visões que me perseguem todo dia... invadindo pela vidraça meu apartamento. Você veio e me deixa (ainda estou) com aquela sensação infantil ou vassala, não sei ao certo, de ter dito algo errado, talvez decepcionado ou surpreendido mal. Só você é capaz, você e seu espelho masculino, só você e sua miragem, só você. Por que? Pergunte a deuses e diabos, mas vai-te daqui com pergunta assim... não sei. Não sei. Vai-te daqui antes que me engula o teu reflexo, imagem amadurecida de mim! vai-te daqui."

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