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"Voltei no tempo, meus cinco, meus sete, meus onze, meus quinze, meus dezessete, meus vinte, meus vinte e sete anos… Tempo que já fez girar muitas vezes os ponteiros das horas, dos dias, dos meses, dos anos, naquele relógio chamado Experiência de Vida. Tempo que seguiu a linha da vida como o rio que segue rumo ao mar, calmo aqui, agitado ali, despencando das alturas e fazendo muito barulho acolá, contornando algum obstáculo que lhe tentasse obstruir o caminho mais além, ou até mesmo passando por cima dele quando necessário.Voltei no tempo. Meus tempos de antes, tempos de aprender, de seguir em frente sem olhar para trás, tempo de apreciar e viver intensamente o momento, pois que só havia mesmo o presente. Para que remoer o passado? Para que pensar em futuro? Importante era o aqui e agora. Amanhã? Amanhã se pensava nele…Voltei no tempo.
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(...) Voltei no tempo das longas caminhadas por trilhas, só, pé procurando pelo outro pé sem nunca se acharem, sem nunca se encontrarem, carimbando o solo empoeirado com a marca de pés descalços, ou poucas vezes calçados, que o vento se encarregava de ir atrás apagando para levantar uma nuvem de poeira. (...) Chegando ao destino cansado, sim; chegando ao destino sujo de poeira, ou sujo de barro, sim; mas sempre chegando feliz, de alma lavada, pronto para repetir tudo no dia seguinte, ou mesmo no mesmo dia, na mesma noite se necessário fosse, sem pestanejar.Voltei no tempo. A noite de lua cheia, clara que até dava para ler alguma coisa, ou então a noite de lua nova com o céu tão cheio de estrelas que não havia nele espaço para apontar sequer a ponta do dedo sem tocá-las. Mas havia a noite escura como breu, céu nublado, muitas vezes chovendo muito, a cântaros que por lá chovia assim, sem que pudesse enxergar nem um dedo colocado bem na ponta do nariz.
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Voltei no tempo, não para reclamar da vida, não para fugir do presente para viver do passado. Voltei no tempo para vivenciar a magia que estes momentos me proporcionaram, para recordar o aprendizado que eles me deixaram, para continuar trilhando o mesmo caminho. Momentos de saber que estava no rumo certo, ou de entender o momento em que devia mudar uma trajetória qualquer. Voltei no tempo para incorporar mais energia no presente, pois o que temos de concreto na vida é apenas o eterno presente. Ontem foi hoje, amanhã será hoje, e o que eu tenho de fato é o hoje.Voltei no tempo, meus cinco, meus sete, meus onze, meus quinze, meus dezessete, meus vinte, meus vinte e sete anos…
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(...) Voltei no tempo, os ponteiros giraram, mas o eixo que os fez girar, o ponto de apoio que os manteve no plano estão situados no centro deste plano, no local chamado HOJE. E este ponto independe de qualquer distância, está sempre ali, sempre presente, estático, pois que é um simples marco, o marco zero do meu universo. Neste ponto eu tenho o eterno presente. Deste ponto eu tenho uma visão panorâmica e atemporal do passado, e do futuro. Para este ponto apontam os vetores de todos os momentos dos intermináveis ciclos e dos infinitos recomeços da vida. Deste ponto eu posso apontar o obturador de minha câmara mental para congelar um momento de interesse para estudá-lo, aprofundar-me nele, entendê-lo mais a fundo, reprogramá-lo…
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Fiz uma parada em minha viagem no tempo, num ângulo qualquer de um quadrante qualquer da elipse formada pelos contornos do relógio do tempo (pois que esta é a forma dos contornos do nosso universo, na visão dos astrônomos atuais) para observar. (...) Desta observação deduzi que não se pode atropelar o tempo de um aprendizado, sob pena de perder o momento mágico de seu entendimento.Não quis avançar no futuro nesta minha viagem porque sei que o futuro é o espelho do presente. Já o conheço. Tudo na roda da vida, presente, passado e futuro, está aqui e agora. Somente pequenos detalhes é que poderiam ser desconhecidos ainda. Mas para que tirar a emoção de senti-los plenamente no momento certo? Preferi deixar que o futuro me conte em seu momento."
2 Comentários:
Adorei este texto, amei!!
OBRIGADA PELA VISITA.
VOLTE SEMPRE!!!
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