Diário de Liv

sexta-feira, abril 18, 2008

"Esta mão que me escreve
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Esta mão que me escreve há tanto e tenta dizer o que a outra cala, não consente segurando o sonho a caravela, o delírio, o incrível hulk que pode rebentar as costuras, os costumes, que pode incendiar a casa, o próprio corpo e avançar pelo espelho adentro contra si mesmo. Esta mão que segura por debaixo da mesa, atrás do pano da ópera Mr. Hyde ou o poema escondido que resfolega querendo entrar em cena, soltar a voz os cachorros, as cachoeiras, o galope do apocalipse, o fogo, a fonte, o terremoto. Esta mão sinistra e secreta que segura a hemorragia no punho cerrado, as rédeas dos cavalos, a carruagem enquanto essa que me escreve se contenta apenas em vestir a luva da outra, no espelho e fingir que troca de lado e de veias para tocar, na outra margem o derradeiro tambor do coração."
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Armando Freitas Filho

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