Diário de Liv

domingo, novembro 23, 2008

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

"Ensaio sobre a Cegueira: uma defesa!"

"Duramente criticado em Cannes e amplamente diminuído entre outros críticos de cinema, Ensaio sobre a Cegueira de Fernando Meirelles, filme que se tornou possível com o consentimento autoral de Jose Saramago, Prémio Nobel da Literatura 1998, é, ao contrário do que dizem, um filme essencial.Mostra friamente, mas não menos inteligente, a distância do ser humano com o “ser” humano. Nos faz chocar ao perceber a fragilidade da estrutura social, moral e espiritual, por que não?

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O ser humano como parte substancial de uma consciência maior, pois pensante que é, vive em um estado de latente anestesia e lisergia de sua própria lucidez. A cegueira discutida a meu ver, é mais mental que visual, embora seja provocada por uma deficiência física. A visão, um dos cinco sentidos físicos e o mais precioso para a maioria da população, é ao mesmo tempo, seu algoz, que singelamente “apaga” conscientemente as pessoas de sua humanidade. O “clarão” (doença branca como é definida) que a cegueira provoca às vítimas é por falta de palavra melhor, uma grande provocação aos que assistiram ao filme no escuro do cinema.

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Alias, o filme todo é uma provocação ao nosso íntimo, à nossa essência verdadeira. Dizem que não devemos cutucar onça com vara curta, e realmente Meirelles o faz com maestria. Cineasta especialista em mostrar todas as mazelas humanas provocadas pelos próprios humanos, como em O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus, Meirelles a meu ver é como Gandhi, que libertou seu povo com Ahinsa, a não violência. Tal Ahinsa o coloca numa posição de instigador, sem mover um músculo, somente usando da escrita de luz para produzir imagens combinada à sua inteligência, trabalhando em prol do “esclarecimento” verdadeiro. Mas ele não liberta um à um. Só dá as ferramentas visuais para que o despertar se faça mais rápido.

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O filme é como um grande espelho, onde nos mostra nossas francas atitudes perante a necessidade da sobrevivência. Moral? Dignidade? Só existem se pudermos vê-las com olhos cegos. Mentes claras não percebem nem moral nem dignidade escusa e falsa. Tudo padece ao instinto de sobrevivência e tudo perece em frente à fome, ao sexo leviano, à hipocrisia, às virtudes e à violência física. Confesso que tremi. A angustia era imensa e o desconforto me pareceu vivo. Nos momentos dos gritos das mulheres violentadas às cegas, me coloquei na situação e pude ver com olhos não físicos o horror. O reino do Caos está entre nós, só basta queremos realmente enxerga-lo. É como diz uma publicidade, comparativamente: onde você guarda o seu preconceito?

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A história mostra nitidamente isto. Todos os preconceitos perdem valor e razão de ser pela falta de luz aos olhos. Racistas de mãos dadas a negros e amarelos. É bárbara essa provocação. Mostra o quanto os seres humanos podem ser e muitas vezes são incongruentes com sua dita lucidez. Um grande espelho, onde nós podemos nos enxergar nos nossos próprios olhos e ver o reflexo da nossa  real verdade, inteligível a todos os outros.

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É precisamente esse instinto primordial do homem que revela aos cegos que nesse mundo em que agora vivem as máscaras sociais se fazem desnecessárias; o homem é o que é. Assim, ante a necessidade de estabelecer uma ordem na distribuição da comida, por exemplo, a fim de evitar trapaças, e mediante a afirmação de um dos cegos de que estão a lidar com gente honesta, alguém retruca: “Ó cavalheiro. O que somos de verdade aqui é pessoas com fome”.

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É um filme catártico aos que souberem ver, mas muitos no cinema saíram cegos e não perceberam a mensagem tão explicita de Saramago através de Meirelles. Um drama. Podem até tecer comentários negativos sobre o filme de Meirelles, mas jamais acusá-lo de trair o original. Meirelles é extremamente fiel ao livro homônimo do português José Saramago e isso conta pontos a favor da adaptação.Aplausos à Fernando Meirelles e um sentimento de extrema gratidão à José Saramago pela obra. Meu muito obrigado por me fazerem ver com olhos, mente e coração."

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http://www.fashionbubbles.com/2008/ensaio-sobre-a-cegueira-uma-defesa/

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A MAIOR LICAO FOI PERCEBER QUE O UNICO QUE PODER VER 

TAMBEM PODE RECEBER O MAIOR CASTIGO DE TODOS!!!!! 

PODER OLHAR PODE SER UMA DADIVA OU UM CASTIGO? 

IRONIA CRUEL DAQUELE QUE COM MAIS CONDIÇÕES DE AJUDAR 

DEVERIA SER O HEROI DO MAIOR DOS SOFRIMENTOS... 

POR TER O PODER DE VER A MISÉRIA HUMANA CRUA E NUA... 

SUAS CORES E SUAS DORES... VERDADES E MENTIRAS 

VER ENFIM O REFLEXO DO QUE HOMEM TENTA ESCONDER!!!!! 

VER EM PLENA LUZ O LADO MAIS OBSCURO E NEGRO DA HUMANIDADE!!!! 

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LVM

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Quisera que meus olhos fossem duros e frios
e que ferissem fudo dentro do coração
e que nada expressassem dos meus sonhos vazios,
fosse esperança ou ilusão.
Indecifráveis sempre a todos os profanos
do fundo e suave azul da tranqüilidade safira,
incapazes de ver os pesares humanos
ou a alegria do viver.
No entanto estes meus olhos são cândidos e tristes,
não como eu os desejo nem como devem ser.
É que estes olhos meus é o coração que os veste
e seu desgosto fá-los ver.

(Pabro Neruda - do livro:O Rio Invisível - tradução: Rolando
Roque da Silva)




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