Diário de Liv

quarta-feira, agosto 10, 2005

Trégua a intolerância!!!!!

A Laíza comentou comigo que tinha uma comunidade chamada "Não faço Serviço Social". A princípio achei a idéia interessante, pois as pessoas confundem muito o Serviço social e as Ciências Sociais.

Mas olhando as discussões desta comunidade percebi como é difícil argumentar com pessoas intolerantes. Entendemos perfeitamente o objetivo da comunidade, quanto a isso nenhuma crítica!!! Mas nós sabemos o quanto um Assistente Social é discriminado, e toda vez que nos sentirmos desrespeitados, devemos sim nos colocar...Cabe a outra parte ter humildade para reconhecer tamanha discriminação. Usar a descrição da comunidade como pretexto p/ a intolerância... é patético!

Não temos que ser inimigos, mas aliados! Mas pelo jeito nem todos concordam e claro que respeitamos a postura de cada um! Se alguém se sente ofendido ou injustiçado por ser confundido com Assistente Social então que resolva essa situação sem usar o nome "Serviço Social", pois se a área de Ciências Sociais é tão autosuficente, dediquem-se a esclarecer as pessoas e não a impor um aparthaid entre profissionais que têm um objeto de estudo tão próximo!

Não podemos generalizar, claro que nem todos das ciências sociais merecem esse desabafo!!! Claro que existem profissionais esclarecidos, que não são limitados e muito menos usam argumentos discriminatórios do tipo: Assistentes Sociais não sabem "interpretar textos". Fala sério, que tipo de argumento é esse? Não quero reforçar a discórdia!!! Mas é díficil ver alguém falar de algo que tem o mínimo de conhecimento para afirmar ou analisar. Opinião embasada é uma coisa, senso comum é outra!

Resolvi colocar alguns trechos da minha monografia p/ aqueles que tiverem curiosidade ou interesse em saber um pouco mais sobre o Serviço Social:

É mister não confundir assistência (onde transitam a benemerência, a filantropia, a caridade, a promoção humana, a justiça social, igualdade e direito social) com Serviço Social (especialização sócio-técnica do trabalho), visto que uma faz parte da outra, mas não contemplam a mesma natureza, sendo ambas construídas a partir do decorrer da história e dos marcos legais de cada uma.

Sendo assim, a assitência social visa a prevenção ou a superação de diferentes formas de exclusão e a garantia de padrões de ciadania e qualidade de vida. Está diretamente relacionada à ampliação do espaço público, entre outras necessidades. Já o Serviço Social, no decorrer da sua evolução, afirma-se como uma profissão voltada para a intervenção na realidade, utilizando conhecimentos socialmente acumulados e produzidos por outras ciências, aplicando-os à realidde social para facilitar a sua prática.

O novo perfil da profissão, particulariza o Serviço Social como uma profissão interventiva no âmbito da Questão Social. Outra perspectiva importante das diretrizes é a relação entre Processo de Trabalho e Serviço Social. Sendo assim, deve-se pensar essa relação enquanto inserida na conjuntura histórica, numa perspectiva dialética que considera as atuais transformações societárias e as relações de poder.

Considera-se no âmbito do Processo de Trabalho como objeto do serviço social a questão social, além de suas múltiplas expresões. Além disso, o conhecimento da realidade torna-se uma condição de compreensão desse objeto, dando conta das particularidades das múltiplas expressões da "questão social", explicitando processos sociais que as produzem e reproduzem (IAMAMOTO, 1999).

Sendo assim, o locus privilegiado da profissão e da questão social se expressa no processo de reprodução das relações sociais capitalistas: "tornando emergente a categoria trabalho como centro da análise da realidade social e como elemento constitutivo da profissão, permitindo a superação da idealização do trabalho do assistente social como prática desvinculada da materialidade das relações de produção e reprodução do capitalismo" (Silva, 1997).

Sabe-se que embora o assistente social seja legalmente um profissinal liberal, o setor público tem sido o maior empregador de assistentes sociais, sendo a administração direta a que mais emprega. Atentando-se apenas a prática do assistente social na esfera pública, tem-se que este profisisonal assume um papel de intermediação, assumindo a operacionalização das soluções burocarticamente almejadas e funcionais às instituições.

O serviço Social desenvolveu historicamente um tipo de intervenção voltada para a utilização dos serviços sociais, sensível às necessidades do usuário e a realidade institucional. Contudo, sabe-se que o assistente social pode contribuir para o partilhamento do poder e sua democratização - no sentido da emancipação do ser humano - ou para o reforço das estruturas e relação de poder preexistentes. Tudo depende do projeto ético-político assumido pelo profissional.

Pode-se dizer que "um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo".

Espero ter ajudado algumas pessoas da comunidade "Não faço serviço social", a saírem do senso comum referente a nossa profissão!!! E para aqueles que acreditam em um trabalho interdisciplinar, deixo registrado aqui que nós Assistente Sociais conseguimos fazer isso muito bem:

Pela própria produção/construção do saber e por sua autonomia, as ciências não são fragmentos de um saber unitário e absoluto (não é esta a sua gênese). Elas podem ter elementos comuns entre si, mas não será esta a base para ações propriamente interdisciplinares. Este fato demosntra que propostas que se constituem nessa base tendem ao fracasso, justamente porque as ciências não levam nem podem levar a um conhecimento global (JANTSCH, 1995).

Por isso, a interdisciplinariedade jamais poderá consistir em reduzir as ciências a um denominador comum, que sempre acaba destruindo a especificidade de cada uma, de um lado, e dissolve cada vez mais os conteúdos, de outro. Destarte, a interdisicplinariedade construtiva ensina uma tolerância frente às outras teorias, pois para ela não se trata de uma situação em que só uma possa ser a verdadeira, nem de lutar para que todas as outras sejam excluídas. Pelo contrário, incita os outros a criar novas teorias.

Neste contexto, o assistente social, dispõe de competência e de visões particulares de observação na interpretação de uma realidade que é específico da sua formação teórico-metodológica. "Não se trata de reducionismo, subjetivismo ouu ecletismo, mas da construção de um ponto de partida da reflexão diferente do dogmatismo, do abstracionismo genérico e do empirismo das decrições singulares" (FALEIROS, 1999).

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