Diário de Liv

segunda-feira, junho 28, 2010

"ANTÍTESE

O poema me espera, fora de mim,

Para que eu me realize nele.

A sua falta de essência me completa,

E o que nele sobra me extravasa.

Transbordo em seu sinal de menos:

Sua ausência de ser é minha casa.

Sustenho seu corpo, sem mistério.

Adentro seu espaço, sem pegadas.

Encontro-o quando perco o centro.

Menor que a parte, ele não me abarca.

Maior que o todo, ele é meu avesso.

Não é o mundo o que ele me revela.

Não é a mim mesmo que nele procuro.

Não é a poesia o que ele desperta.

Mas o hiato que vai da idéia à fala

Onde o coração bate mais livre.

Mergulhado na matéria mais precária,

Pulsa em nós ao ritmo da estrela

Tanto mais imortal em quanto vive,

Eternidade da luz que se apaga.

Isento da palavra que o aprisiona,

Alheio ao conceito que o mutila,

Imerso em cada coisa que o transcende,

Mergulhado no mundo sem limite.

Vou ao poema, retorno ao nada:

A voz me liberta de minha alma

E assim eu sou o Outro que me habita."

 

ASTARTE

sábado, junho 19, 2010

5 Anos de Blog

"troco todos

os meus verbos

por um dicionário

de gestos!"

http://enfimtudodenovo.blogspot.com

.

"Era verso o

que eu queria,

mas em mim

só existe

a lembrança

de outro dia..."

http://enfimtudodenovo.blogspot.com

 .

"Samba

O resto que se cale

Só me resta

Um verso cadente"

http://janelas.blogspot.com/

  .

"Lacuna

Sou toda poesia,

porém, falta-me

um poema"

terça-feira, junho 15, 2010

"Noite

Aproxima-te, sorri,

Dá-me a mão,

Abraça-me forte,

Enrosca-me e embala-me em ti.

Chama os sonhos,

Beija a fantasia no rosto,

Traz contigo as estrelas,

Acende-as só para nós,

Sopra com força o mal e a dor,

Sara as feridas abertas,

Leva para longe os Monstros maus,

Livra-te de todo o rancor que nos cerca.

Guarda os meus segredos,

Não me deixes só,

Não é do escuro que eu tenho medo,

É só do resto do Mundo."

http://sorriso-no-olhar.blogspot.com/search?updated-min=2010-01-01T00%3A00%3A00Z&updated-max=2011-01-01T00%3A00%3A00Z&max-results=12

Fratura Exposta

"Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou."

Maria de Queiroz - http://jaquelinne-anjos.blogspot.com/

quinta-feira, junho 10, 2010

"Onírico

 Há noites tão distantes

em que teu corpo

entra no meu leito

como um poema perfeito

e brinca de rimar com meus sonhos...

Há noites tão brandas

em que teu corpo queima no meu

com palavras ofegantes

e deliro meu desejo mais intenso

que em teu corpo se perdeu...

Há noites tão extensas

em que penso no teu corpo

como se fosse meu

E silencio acreditando que pensas

no meu corpo sendo teu..."

SANDRA REGINA

Sentidos...

"Diante de ti, viro cerca de arame farpado: 

se me apertar, te rasgo a carne e arranco um pedaço."

 .

"...Que canto há de cantar o indefinível? O toque sem tocar, o olhar sem ver. 
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis. 
Como te amar, sem nunca merecer?" 
HILDA HILST
.
"O melhor ainda não foi dito, o melhor ainda está nas entrelinhas" 
Clarice Lispector

PARADIGMAS DO DESEJO

"O que estava a pensar significava uma despedida da maior parte das relações da sua vida; quanto a isso não tinha ilusões. Na verdade, as nossas vidas estão divididas, e partes delas cruzam-se com as de outras pessoas; o que sonhamos depende do acto de sonhar, mas também dos sonhos que todos os outros têm; o que fazemos tem a sua razão de ser em si, mas mais ainda com o que outras pessoas fazem; e as nossas convicções ligam-se a outras que só numa ínfima parte podemos ver como nossas. Conclusão: pretender agir a partir de uma realidade plena que seja só nossa é, por isso, uma exigência absolutamente irrealista. E precisamente ele acreditara sempre que é preciso partilhar as nossas convicções, ter a coragem de viver no meio de contradições morais, porque é esse o preço das grandes realizações. Estaria ele pelo menos convencido do que pensava a propósito da possibilidade e do significado de uma forma de vida diferente? De modo nenhum! E apesar disso não podia evitar que o seu sentimento fosse atraído por isso como se tivesse diante de si os sinais inconfundíveis de uma realidade pela qual esperara anos a fio."

http://falsolugar.blogspot.com/

domingo, junho 06, 2010

Não posso...

"Eu, o vento

... Sou vendaval e brisa que a mercê da vida, às vezes sou conforto, às vezes incômodo. Às vezes paz, às vezes caos.

Eu, o vento, que sou incolor e frio, sou calor e sangue, que a mercê da vida, às vezes sou dor, às vezes rotina, às vezes sou morte, às vezes vida..."

Mario Nardhes

Preferi o risco do maremoto..

"Na dúvida, faça.

O risco faz parte.

A graça está em tentar,

em vez de sentar e assistir;

o mundo está em esticar-se todo para atingir;

o mundo está no desafio da interrogação.

E porque não? Entre na festa,

arranque a capa, morda a maçã.

Desate o cinto para voar livre pelo amanhã,

ainda que ele seja um labirinto.

deixe o ID rolar

Nesta arte viva de arriscar, cônscio e devoto.

Pois que viver não é entrar no mar onde dá pé,

mas mergulhar com fé no maremoto".

Flora Figueiredo

O PEDIDO

Um pedido de ajuda quando anda pela sombra, deslizando com o vento, não se sabe onde vai chegar. Não se pode saber o que dizer e o que se pode fazer de tão veloz que se vai sem nenhum roteiro. Não e’ como o bilhete carregado pelo mar... que não pode afundar e em algum lugar vai atracar. Quem o encontrar saberá dos mistérios e dos destinos fatais. Coincidências e acasos que envolvem as decisões mais inevitáveis, seja por abandono, seja por proteção... se faz sentido alguma atitude qualquer de tamanha sensatez, da súbita força de uma luz que não se apaga. Das conseqüências de cada ato, andam as escolhas por outro lado. Tão devagar que não ha’ tempo e nem espaço, não ha’ resposta ideal e nem caminho certo. Será so’ medo ou vazio? Decepção de amar o que não ha’ nome. Acostumar com a distancia, conviver com a triste solidão so’ porque e’ mais fácil aceitar sempre o que vem, sem nada esperar ou exigir... costume cotidiano de se conformar e jamais pedir... e se por acaso se ferir... reage e foge... porque a briga não compensa. Apenas suma! E aprendera’ que não ha’ como suportar a guerra entre a razão e a emoção quando se tenta esquecer. Esquecimento e’ um hábito já tão companheiro e sábio e ao mesmo tempo cruel e angustiante. Assim se sente alguma vida sem saber que convite e’ esse para viver. Aceitara’ a intensidade do sorriso calmo ou da confusão? Irás te afastar como já sabes fazer ou irás encarar e arriscar qualquer drama? Seja a expressão serena ou a fúria da explosão... sempre será o sentimento, mesmo que incerto e duvidoso. Quem sabes o risco que corres a ficar em cacos te tornara’ inteira? E a procura pelo lado mais fácil seja uma armadilha, bem aquela sem saída. Pior e’ ter a liberdade presa ao pensamento. E o pedido que não quer calar e pulsa neste momento e’ que ao encontrar este bilhete, saiba desvendar o segredo sem chance para qualquer indecisão e so’ demonstre a possibilidade do que pode ser sim ou não.

 LVM

quinta-feira, junho 03, 2010

"PENSAMENTO (J.G.):

"Que Pena, meu amor,

nunca mais poder te olhar

com os olhos da primeira vez...

 

SENTIMENTO (M.H.):

Afasta o pensamento singular

Que tanto mal te fez,

Que a pena, a grande pena,

a maior pena é olhar

Pela última vez..."