Diário de Liv

domingo, agosto 31, 2008

The Secret

"não devia te contar
mas se você guardar segredo
eu revelo este meu medo
de não saber amar
.
não devia te amar
mas se você guardar meu medo
eu revelo este segredo
que não sei contar"
.
Martha Medeiros - livro "Poesia Reunida”

Cada eu...

sexta-feira, agosto 29, 2008

Sutilezas da Alma

"(...)
Talvez você não saiba, mas das sutilezas da alma humana as mais difíceis de serem compreendidas por mim, são aquelas que dizem respeito ao amor. Acostumei-me ao olhar meticuloso e crítico do Historiador que sempre procura compreender o mundo que o cerca a partir da implacável racionalidade humana. Desvendar sonhos, idéias, imagens e imaginação sempre figuraram para mim como a montagem de um instigante e belo quebra-cabeça ou um mosaico de mil cores como prefiro. Às vezes, penso que minha idéia de amor sempre foi mais coletiva do que ligada às pessoas em particular. Às vezes, sinto-me egoísta por isso. Desligo-me dos que estão próximos para encontrar rostos, vozes e vidas que talvez nunca veja ou conheça. Não que eu não os ame com intensidade e paixão, porque amor e paixão só concebo como um turbilhão que nos carrega às nuvens ou ao inferno. (...)"
.
Xico Fredson

"Força de um ato
dura o tempo exato
para ser compreendida
,
depois disso é bobagem
vira longa-metragem
por acaso estendida
,
fora o essencial
nada mais é natural
vira apenas suporte
,
pena a vida não ter corte"
.
Martha Medeiros

segunda-feira, agosto 25, 2008

"A vida não passa, ela corre, acelera, pisa fundo. Ao longo dos meses, dos anos, pessoas vêm e vão. Tornam-se próximas e deixam suas marcas e depois se afastam. Passam apenas, muitas vezes. Mas ainda assim deixam saudade. Sem motivo concreto, sem razão aparente. Assim vieram, assim se vão. Um sorriso bobo, um olhar contente, uma idéia compartilhada, palavras escolhidas a dedo, para contar a história do que fora feito de toda esta gente. Transformam-se em estatísticas nas páginas de nossas vidas. Também eu tenho passado. Passado pelas vidas, pelos lugares. Tenho ido, tenho ficado. Passado."

sábado, agosto 23, 2008

Partiu Partindo
Fino Coletivo
.
(...)
Parte que fez minha alegria partiu partida
Se foi de vez, de vez em quando eu ando partido
Parte de um céu estremecido vem me partindo
O céu nublou mas não partiu de vez comigo
Por volta e meia voltar ao ponto de partida
Chegando em mim essa memória azul contida
(...)

quarta-feira, agosto 20, 2008

"Vou dizer...um dia
Não vou dizer teu nome.
Teu nome não vou dizer.
Só porque, aí, me consome
Esta ausência de querer.
.
Teu nome nunca digo.
Eu nunca dito teu nome.
Apenas com ele brigo
Se tua imagem me some.
.
Um dia direi teu nome
Com o doce som da alegria
De quem matou sua fome.
Sem ter esta nostalgia"
.


segunda-feira, agosto 18, 2008

Tributo a Dorival

Versos escritos nÂ’água
Dorival Caymmi
.
Os poucos versos que aí vão,

Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.
.
Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo, e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...
.
Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.
.
.
.
Só Louco
Dorival Caymmi
.
Só louco amou como eu amei
Só louco quis o bem que eu quis
Ah, insensato coração
porque me fizeste sofrer
Porque de amor pra entender
É preciso amar, porque
Só louco, louco...
.
.
.
De Onde Vens
Dorival Caymmi
.
Ah, quanta dor vejo em teus olhos... Tanto pranto em teu sorriso... Tão vazias as tuas mãos. De onde vens assim cansada... De que dor, de qual distância... De que terras, de que mar... Só quem partiu pode voltar e eu voltei prá te contar dos caminhos onde andei. Fiz do riso amargo pranto. No olhar sempre teus olhos, no peito aberto uma canção. Se eu pudesse de repente te mostrar meu coração... Saberias num momento quanta dor há dentro dele... Dor de amor quando não passa é porque o amor valeu.

"Amavisse
.
Como se te perdesse, assim te quero.
Como se não te visse (favas douradas
Sob um amarelo) assim te apreendo brusco
Inamovível, e te respiro inteiro
Um arco-íris de ar em águas profundas.
Como se tudo o mais me permitisses,
A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida.
Como se te perdesse nos trens, nas estações
Ou contornando um círculo de águas
Removente ave, assim te somo a mim:
De redes e de anseios inundada."

.
Hilda Hilst

segunda-feira, agosto 11, 2008

Quietude

"Momentos de pausa têm coisas próprias. Também se aprende a apreciá-los, como ao nevoeiro. E a proteger a quietude, a temporária suspensão interior. Momentos de pausa não são esperas. Nem o exercício do tempo de ausência que convém. Ou o espaço da inexistência. Também se aprende a germinação, em adormecimento aparente, como nas sementes. E o doce processo de reparação, na passagem de ferida a cicatriz. Momentos de pausa têm coisas próprias. E ritmos de ser e de tornar-se."

quarta-feira, agosto 06, 2008

Le tourbillon de la vie
.
Elle avait des bagues à chaque doigt,
Des tas de bracelets autour des poignets,
Et puis elle chantait avec une voix
Qui, sitôt, m'enjôla.
Elle avait des yeux, des yeux d'opale,
Qui me fascinaient, qui me fascinaient.
Y avait l'ovale de son visage pâle
De femme fatale qui m'fut fatale.
On s'est connus, on s'est reconnus,
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus d'vue
On s'est retrouvés, on s'est réchauffés,
Puis on s'est séparés.
Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie
Je l'ai revue un soir, hàie, hàie, hàie
Ça fait déjà un fameux bail.
Au son des banjos je l'ai reconnue.
Ce curieux sourire qui m'avait tant plu.
Sa voix si fatale, son beau visage pâle
M'émurent plus que jamais.
Je me suis soûlé en l'écoutant.
L'alcool fait oublier le temps.
Je me suis réveillé en sentant
Des baisers sur mon front brûlant.
On s'est connus, on s'est reconnus.
On s'est perdus de vue, on s'est r'perdus de vue
On s'est retrouvés, on s'est séparés.
Dans le tourbillon de la vie.
On a continué à toumer
Tous les deux enlaces
Tous les deux enlacés.
Puis on s'est réchauffés.
Chacun pour soi est reparti.
Dans l'tourbillon de la vie.
Je l'ai revue un soir ah là là
Elle est retombée dans mes bras.
Quand on s'est connus,
Quand on s'est reconnus,
Pourquoi se perdre de vue,
Se reperdre de vue ?
Quand on s'est retrouvés,
Quand on s'est réchauffés,
Pourquoi se séparer ?
Alors tous deux on est repartis
Dans le tourbillon de la vie
On a continué à tourner
Tous les deux enlaces
Tous les deux enlaces
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Autor: George Delerue
Intérprete: Jeanne Moreau
Filme: Uma Mulher para Dois, 1961.
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"O Turbilhão"
(créditos da tradução: Karen Cunha, http://queroserjm.blogspot.com/2004_04_01_archive.html)
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"Ela usava um anel em cada dedo. Nos pulsos, muitas pulseiras. Cantava com uma tal voz que logo me tomava. Seus olhos... seus olhos de opala me fascinavam... me fascinavam. Sua face pálida e oval... Que mulher fatal que me foi fatal. Nos encontramos. Nos perdemos de vista. Nos reencontramos e reaquecemos. Depois nos separamos para cada um, um caminho seguido no turbilhão da vida. Uma noite eu a revi... Novamente, sua visão em encantou. Ao som de banjos, reconheci aquele sorriso que me fascinava, sua voz tão fatal e sua bela face pálida tocaram-me como nunca. Ouvindo-a me embriaguei... o álcool faz esquecer o tempo, acordei sentindo beijos na minha testa ardente...na minha testa ardente! (...) Uma noite, eu a revi ... e mais uma vez ela caiu nos meus braços... e mais uma vez caiu nos meus braços! Quando nos encontramos por que nos desencontramos? Quando, enfim, nos reencontramos e nos reaquecemos por que nos separamos? Então retomamos nosso caminho no turbilhão da vida. E continuamos a rodar os dois, entrelaçados."

Interpretações de Jeanne Moreau:

"Moral é o que nos permite ser fiéis a nós mesmos."
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"Sentimo-nos sozinhos. Os homens são sozinhos e lutam para evita-lo.
Nós não tentamos evita-lo.
Sabemos que estamos sós nos acontecimentos mais importantes
dos nossos corpos, das nossas vidas."
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"A idade não nos protege contra o amor.
Mas o amor, até certo ponto, protege-nos contra a idade"
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"Todo mundo mata aquilo que ama".
Frase de Oscar Wilde, cantada por Jeanne Moreau

terça-feira, agosto 05, 2008

"Um lugar que só nós conhecemos"

domingo, agosto 03, 2008

O ano inteiro
.
Aos domingos te sinto mais
sei que estás
sei que me chamas para a rua
que me levas em tuas procuras
apenas para acompanhar-te
e garimparmos os gestos
e as ausências dos vivos
.
Às segundas não me queres
sabes que a luta me toma
te comportas na fotografia
.
Às terças estou conformada
às quartas me deprimo
às quintas me acendo
às sextas já sou domingo
.