Diário de Liv

quinta-feira, novembro 29, 2007

Forma Ideal

"Nosso amor é demais e quando o amor se faz tudo é bem mais bonito.
Nele agente se dá muito mais do que está e o que não está escrito.
Quando agente se abraça tanta coisa se passa que não dá para falar.
Nesse encontro perfeito entre o seu e o meu peito, nossa roupa não dá.
Nosso amor é assim, pra você e pra mim, como manda a receita.
Nossas curvas se acham, nossas formas se encaixam na medida perfeita.
Este amor é pra nós a loucura que traz esse sonho de paz.
E é bonito demais, quando agente se beija, se ama e se esquece da vida lá fora.
Cada parte de nós tem a forma ideal, quando juntas estão, coincidência total.
Do côncavo e convexo."
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Caetano Veloso

segunda-feira, novembro 26, 2007

"É o coração que morre e a cabeça continua"

"Quase nada resta agora que o tempo trouxe a distância necessária à compreensão. Porque o tempo tem esta particularidade irritante de realmente tudo curar. Porque o vazio que fica acaba por ser substituído por outro qualquer vazio mais abstracto. Deixa de ser aquele alguém e passa a ser apenas alguém.
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Há também o masoquismo inerente à coisa, e o luto necessário. Há o cultivar do vazio que fica, o irresistível cravar da unha na ferida. É o coração que dói, mas é a cabeça que bate contra a parede. É o coração que morre e a cabeça que continua. E só aí, só quando nada resta ao coração para continuar a bater, é que o vazio se preenche. Por mera questão de sobrevivência.
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A cabeça continua, continuou. Sobreviveu, à espera de algo que pudesse reactivar a circulação: o teu sorriso que sempre sorri, os pequenos detalhes, as pequenas ironias. São as músicas, as fotografias, os livros, as palavras, a linguagem só nossa que partilhamos. É tudo aquilo que sou reflectido de uma forma que conforta e não assusta. É o coração que aos poucos ressuscita."

PROCURA ...

"Pró-cura
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Te procuro

quando
está claro,
quando escuro,
céu repleto
ou incompleto
te procuro,
no teu samba
predileto,
num obscuro
dialeto
te procuro,
quando
te protejo,
quando
me projeto
em teu futuro,
te procuro,
capto, capturo
nesse poema
que rasuro,
e te juro:
só quando
te encontro
me curo."
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Múcio L Góes

"Só uma dor
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Uma dor não sei de onde me sangra a alma mas é estranhamente bem vinda. É uma dor sem nome e sem motivo. Mas faz sentido. É uma dor de quem sente saudades. É uma dor de quem não sabe perdoar. É uma dor de quem não deseja ser perdoado. É uma dor ardida como só sabe ser a dor de amor - mas amor não dói. É uma dor de ferida que não sabe cicatrizar. É uma vontade não sei do que uma falta não sei da onde, uma saudade não sei de quem e um soluço que sempre se esconde. É uma dor que sufoca. Uma dor que não se explica. Uma dor que não tem hora pra acabar."
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roccana.blogspot.com

sábado, novembro 24, 2007

"Soneto da Conciliação
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Que o amor não me iluda, como a bruma
que esconde uma imprevista segurança.
Antes, sustente o chão em que descansa
o que se irá, perdido como a espuma.
Veja que eu me elegi, mas sem nenhuma
razão de assim fazer, e sem lembrança
de aproveitar apenas a esquivança
de que o amor não prescinde em parte alguma.
Que também não se alheie ao que esclarece
o motivo real, de uma oferta,
reunir o acessório e o imprescindível.
Antes, atente a tudo o que se tece
distante do seu dia inconsumível
que dá certeza à noite mais incerta."
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Lêdo Ivo

domingo, novembro 18, 2007

Projeto Pixinguinha

"Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer"
Pixinguinha
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"Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar
Procuram sempre um novo ângulo pra te admirar
E sonham mergulhar na sua boca de vulcão
Provar todo o calor que há na sua erupção
Escorregar nos rios claros das margens dos teus pêlos
E encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos
Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
E talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro"
Paulinho Moska
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Silêncio
Valsa - Bide / Marçal
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Chamo alguém, ninguém escuto
Um silêncio absoluto
Envolve meu triste viver
Sinto fugir-me a calma
Tédio invadir minh'alma
Prenúncio de um cruel e longo sofrer
Para mim será o mundo
Um calabouço profundo
Onde ninguém ouvirá
Um dos gemidos meus
Qual condenado aflito
Fito o azul do infinito
Curvo-me à terra em uma prece
Imploro a Deus...
Senhor, a solidão apavora-me
Meu viver é uma atroz melancolia
Invade-me a alma uma grande nostalgia
Senhor! pra mim tudo é noite
Pra mim não há dia
Silêncio que rouba-me a calma
Silêncio que destroi minh'alma
Silêncio que sinto matar-me
Em lenta agonia.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Metade do universo é só um grande deserto, enquanto que em mim o vazio parece ser inteiro… e nada que possa ser medido pelo tempo faz parte da minha realidade… é puro momento…
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Metade da minha doença se tornou a minha própria cura… este meu veneno é o remédio… a metade do meu tédio… quando só me completo diante do meu próprio reflexo…
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Metade do que sei é verdade e a mentira só não acredita nisso! E passo tanto tempo querendo provar isso… que a metade do que já vivi era ilusão… e perdi a metade das minhas apostas encobrindo minhas caras derrotas!
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Hoje não quero descobrir o que há do outro lado da alma, porque sei que não me sinto preparada para encontrar meu destino fatal, o meio termo entre o anjo do bem e o anjo do mal…
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E é por isso, e é pelo que mais acredito, pelo que faço sentir cada alma que conheci… que o melhor é perder toda a visão do que viver um sonho pela metade… acredite ou não!!!!!!
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LVM

segunda-feira, novembro 12, 2007

Só me atinge o que me liberta!

"Livre
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Não te quero óbvio, comum, previsível, sempre a mesma fala, sempre a mesmice de sempre, te quero como tu és, livre, errante, errado, atento, atroz, instigante, íntimo, inconformado, viajante tentativas, várias inquietações constantes, nenhuma certeza, nenhuma dúvida, só a procura, nada a esconder, nem nada a declarar, nada a conter, riso fácil, lágrima também, paixão e calma, som e silêncio, o essencial, o detalhe, quero o teu olhar e os teus olhos fechados, a tua tensão e a tua entrega, o sentir e o provocar, te quero caminhando, fluxo, fluente, fluido, concreto, abstrato, múltiplo, único, íntegro, inteiro, te quero com fome, vontade de mim, pedindo colo, pedindo calma, pedindo abrigo, me amparando, me confundindo, me sacudindo, me desejando, me abstraindo, me sufocando, me respirando, me transformando, me atraindo, porque só mexe comigo quem tem este jeito de chegar e de ir partindo."
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roccana.blogspot.com

"Metade
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Tenho meia alma, meio sonho, meio chão;
tenho quase tudo, tenho um pouco de esbarrão;
tenho meia reza libertando meio inferno;
tenho meio amor que me deixa quase terno;
tenho carta maldizendo meia história;
tenho meia luta de uma guerra irrisória;
tenho meio gozo de uma transa ideal;
tenho o preto e branco de um quadro surreal
tenho meio riso que é um pouco de verdade;
tenho amor inteiro que me deixou pela metade;
sou meio concreto, meia pedra e fachada;
sou um quase tudo que juntando é todo o nada."

domingo, novembro 11, 2007

Em vez disso...


Entre o corpo e a alma!

"Fazer as coisas pela metade é minha maneira de terminá-las."
livro Cinco Marias -
http://www.carpinejar.com.br/textos.htm
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"Eu não sou um corpo que tem uma alma,
sou uma alma que tem uma parte visível
chamada corpo."
De Onze Minutos
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"Ando muito completo de vazios."
Manoel de Barros
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"A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe."
Mário Quintana

sábado, novembro 10, 2007

Resto de Mim
Maria Bethania
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Quanta coisa ainda por dizer
Do meu amor imenso por você
Quantas palavras que ficaram no ar
Suspensas pra sempre
Perdidas no mundo sem encontrar você
O susto foi grande,o medo passou
Agora,o vazio me ocupou
Queima meu corpo, rompe meus sonhos
Mas sei que não quero me enganar de novo
Você arrancou os frutos sadios
Você entornou o meu coração
O inverno foi longo, as noites sem fim
Meu bem, meu bem
O que fez com o resto de mim
Procuro razões em seus olhos escusos
Só vejo a mentira escondida no fundo
Você fez sangrar o meu coração
Feriu a si mesmo, pensando que não

O senhor mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”
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Guimarães Rosa

METADE INTEIRA

"Até aqui metade eu sei que vivi. Metade da minha sorte. Metade da minha morte. Metade dos meus sorrisos. Metade do que não presta. Metade do que me resta. Pra conseguir mais um tanto. Metade de todo pranto. Já escorreu por aí. Já inundou muito sertão. E metade da minha seca. Já rachou. E já partiu meu coração. Metade ainda não. Falta metade de esperança. Metade de alegria. Metade inda é criança. Metade eu nem diria. Não interessa onde é o fim. Mas que a metade que falta seja inteira pra mim."
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Zelia Duncan / Lucina

sexta-feira, novembro 09, 2007

Inacabada...

"Enigma
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VOCÊ É A PARTE QUE ME FALTA
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EU SOU A PEÇA QUE LHE COMPLETA
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VOCÊ É A DEFINIÇÃO DA MINHA IMAGEM
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EU SOU A CONTINUAÇÃO DO SEU PEDAÇO
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VOCÊ É A FORMA QUE EM MIM SE ADAPTA
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EU SOU O MOLDE EM QUE VOCÊ SE ENCAIXA.
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SEM VOCÊ SOU IMPERFEITA
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VOCÊ SEM MIM FICA PERDIDO
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E SIGO ASSIM INACABADA
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VOCÊ CONTINUA DESFEITO
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PEÇAS SOLTAS SEM SENTIDO
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PROCURANDO EM VÃO FORMAR
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A IMAGEMDO DESEJO REPRIMIDO."
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Léia Batista

"Afinal...
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Acompanhas-me nestes percursos de dor. Silencioso. Mas por vezes sei-te demasiado distante. Porque não te sinto. Nesses momentos, percebo que não estás para sempre. Que nada é para sempre. Só esta dor. Não são palavras que me dizes. São sorrisos de olhos desencontrados. Desencantados. Nada é para sempre. E nesses momentos, sei que também o sabes. E que tardas em me contar. Porque amas ainda a lembrança do meu sorriso. Aquele que há muito não te ofereço. Não porque não te ame mais. Porque sabes que os meus sorrisos me são dolorosos. Tardas em me contar. Porque sabes que te direi que o amor não é como as outras coisas. O amor fica para sempre…"



Sem Gravidade
Otto
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A gravidade é o mistério do corpo
Tão somente corpo
Tão somente corpo
Como poema belo pelo ar
Tem que virar
Ausência de corpo
Meu coração aliviado sonhar
Estalo solto
Quem mostra
a pele, cura
Sob a luz do luar
De um dia para o outro
A preciosa rocha que habita
O amarelo do teu corpo é luz
Tem de fiar
Tem de entender
Compreender
Só pode ser voando

sexta-feira, novembro 02, 2007

"Ausência
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Haverei de levantar a vasta vida
Que ainda agora é teu espelho:
Cada manhã haverei de reconstruí-la.
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Desde que te fostes
Quantos lugares se hão tornado vão
E sem sentido, iguais
As luzes do dia.

Tardes que foram nicho de tua imagem,
Musicas em que sempre me aguardavas,
Palavras daqueles tempos
Eu terei que quebrá-las com as minhas mãos.
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Em que profundeza esconderei minha alma
Para que não veja tua ausência,
Que como um sol terrível, sem ocaso,
Brilha definitiva e desapiedada?
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Tua ausência me rodeia
Como a corda à garganta
Como o mar ao que se derrete."
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Jorge Luis Borges
http://serpoeta.blogspot.com/