Diário de Liv

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Quero a passagem de todas as passagens... pelo portal invisível da alma, pelas horas marcadas da vida, pelo desejo incontido da mente e o aperto no momento do voô. Quero estar perto da viagem do meu destino com o bilhete da ida sem pensar na volta! Quero o que vai acontecer independente do meu querer... quero continuar desejando o impossível, e me fazendo de difícil só para não perder o costume... e buscando o diferente que sempre me atrai, e falando todas as minhas verdades mesmo quando elas me traem! Eu sei... essa passagem não é apenas de uma poltrona. Por isso, quero um lugar mais humano, pessoas mais sinceras, uma missão e um ofício digno ... Quero e preciso da minha saúde, da minha força mental, da minha sensibilidade digital, de todos os sentimentos e momentos que são eternos!!!! Desejo para essa passagem as maiores conquistas e as mais caras liberdades!!!! Agora é hora de me encontrar... é hora de partir... deixar as correntes do espírito e o sossego da certeza para trás! Estarei para assumir outra vida e dividir os pesos e as medidas! Quero um novo pacto... para continuar querendo...
.
LVM

quinta-feira, dezembro 27, 2007

De Repente
Pedro Camargo Mariano
(Lulu Santos/Nelson Motta)
.
De repente a gente sente
que já não sente o que já sentiu
de repente, naturalmente,
o que era novo envelheceu, de novo
De repente não há mais saco
pra tanto papo que já se ouviu
de repente a moda muda
o mundo roda e você mudou mais uma vez
Não há nada a perder
não há nada a ganhar
a não ser o prazer de ser o mesmo, mas mudar
não há nada só bom
nem ninguém é só mau
se o início e o final de nós todos é um só
eu digo: só!
De repente a gente saca
que só não passa o que já passou
sem vergonha e sem orgulho
nós somos feitos do mesmo pó

terça-feira, dezembro 25, 2007

"DE TI
.
De ti todas as palavras
e, de todas as palavras,
todos os nãos e todas as possibilidades
todas as incoerências e todas as sensações
de ti toda verdade e todo delírio - que convivem e se complementam
de ti toda a minha gana e o meu desalento, toda a minha dor e meu prazer,
toda a luz e minha escuridão, todas as minhas quedas
e sempre um olhar de quem entende e aceita de ti a provocação,
a dor, a transgressão, a cor, a rima e o avesso, a pele e o apelo,
o nexo, o inverso, a vontade e a sublimação
de ti o gosto primitivo, animal, a força, o instinto,
a vontade incontida, o desejo, o cio
de ti o etéreo, o por-de-sol, o lilás, a música suave,
o acalanto, o olhar doce, o meu pranto e a lua
de ti silêncio, intimidade, entrega
e profunda sensação de paz"
.
roccana.blogspot.com

"A Essência de Nós não Está na Razão"

"Que teria sido de mim, que teria sido da minha vida se não fossem essas crenças, se não soubesse que é preciso viver para Deus e não para as minhas necessidades? Teria roubado, teria matado, teria mentido. Nenhuma das principais alegrias da minha vida teria podido existir para mim". E por mais esforços mentais que fizesse, não conseguia ver-se a si próprio como o ser bestial que teria sido, caso não soubesse para que vivia. "Buscava resposta à minha pergunta. Mas o pensamento não me podia responder, pois o pensamento não pode medir-se com a pergunta. A própria vida se encarregou de me responder graças ao conhecimento do bem e do mal".
.
"E esse conhecimento não o adquiri através de coisa alguma, foi-me outorgado, como a todos os demais, visto que o não pude encontrar em parte alguma. De onde o soube? Porventura foi através do raciocínio que eu cheguei à conclusão de que é preciso amar o próximo e não lhe fazer mal? Disseram-me na infância e acreditei-o com alegria, pois trazia-o na alma. E quem o descobriu? A razão, não. A razão descobriu a luta pela existência e a lei, que exige que se eliminem todos quantos nos impedem de satisfazer os nossos desejos. Esta a dedução do raciocínio, que não pode descobrir que se deve amar o próximo, pois amar o próximo não é razoável".
.
Leon Tolstoi, in "Ana Karenina"
citador.weblog.com.pt/

domingo, dezembro 23, 2007




Paz e Arroz
Jorge Ben Jor
.
Eu quero paz e arroz
O amor é bom e vem depois
Si si vira
.
Pois eu preciso de um cachorro
Pois eu preciso de um amigo
Os meus amigos me abandonaram
Pensando que eu tivesse a perigo
.
Eu quero paz e arroz
O amor é bom e vem depois
Si si vira
.
Pois além de grande amigo
Eu preciso de alguém
Que me trate com carinho
.
Que me fale de amor
Das coisas lindas da vida
Das coisas lindas da paz

terça-feira, dezembro 18, 2007

HUMANO MUNDO

"O sonho de um é parte da memória de todos."
Jorge Luis Borges
.
Prefira afrontar o mundo servindo a sua consciência
do que afrontar a sua consciência para agradar o mundo.
.
Se sentes a dor dos demais como tua mesma dor, se a injustiça no corpo do oprimido for a injustiça que fere tua própria pele, se a lágrima que cai do rosto desesperado for a lágrima que tu também derramas, se o sonho dos deserdados desta sociedade cruel e sem piedade for teu sonho de uma terra prometida, então será um revolucionário, terás vivido a solidariedade essencial”.
Ernesto Guevara, “Che”
.
"A existência humana é a viagem que o homem faz
entre a realidade e a realização
."
Carneiro Leão, E.
.
"Tudo que o mundo precisa são de exemplos, e não de opiniões."
As Valkírias- Paulo Coelho
.
Sou um pobre nato e, repito, um pobre vocacional. Ainda hoje o luxo, a ostentação, a jóia, me confundem e me ofendem.
Nelson Rodrigues

Sentir o outro...

"A minha dor, eu sei resolver. Ainda que seja a custo alto, sei resolver. Pode ser com um calmante, um trabalho físico, um desabafo. Pode ser mexendo na horta, organizando as roupas no armário, limpando a casa, xingando Deus, sei resolver. Ainda que demore, mas resolvo. O que não sei resolver é a dor do outro. Fico mudo, meu braço sobra, minha mão falta, minha boca treme algum vento sem força. A dor do outro não se comunica. Não dá não tira emprego. A dor do outro me isola. Tento uma brecha para falar, porém sinto-me intruso, incômodo, solteiro. Como uma casa em reforma. Toda dor só é compreensível no idioma da dor. Quem está fora não entende, não tem razão, não alcança sentido. A dor não busca conselhos, a dor busca a pele para colocar por cima, busca cicatrizar a ferrugem e a maresia. A dor do outro é pedalar com a respiração. A dor do outro me desfalca, me devassa, me faz duvidar que podia ouvir. A dor do outro é a minha dor mais pessoal, porque é indiferente a minha própria dor. A dor do outro é uma parada de ônibus sem ônibus porvir. Uma parada de ônibus para sentar e não ir. A dor do outro fica no lugar da dor, não suporta um passo além do círculo de sua lembrança fixa. A dor do outro tem a altura de um grito que não é dado para não desperdiçar a dor. A dor do outro não ri porque séria chega mais rápida ao fim da dor. A dor do outro não se empresta, é dor de osso, dor que não se enxerga de dia e não se enxerga de noite. A dor do outro é neblina com a roupa presa nos galhos. A dor do outro é uma escada sem mureta, sem apoio. Uma escada desigual como a cintura ao dormir. A dor do outro me esconde, me segrega, me empurra com os cotovelos para onde não desejava voltar. A dor do outro me pede ajuda para não ajudar. É severa como uma verdade antes da morte, severa como uma mentira depois da morte. A dor do outro é banal, irrisória e tola para os que não mergulharam em dor. A dor do outro é hipocondríaca e carente aos que não enterraram seus pés ao correr. A dor do outro é discreta pois os sons não se encontram na pronúncia. A dor do outro tarda para retornar a ligação. A dor do outro parafusa a lâmpada para quebrar. A dor do outro não usa agenda, não recorre ao diário, a dor do outro é escrita esquecida. Não se escreve na dor, se escreve para manter distância dela. A dor do outro não encontra dentes para mastigar. A dor do outro se mastiga com a língua. A dor do outro não consulta horóscopo, não requer meteorologia, a dor do outro não muda, é igual ao que não se entende. A dor do outro é caseira, pois sair de casa é levar a casa. A dor do outro é destelhada. A dor do outro é uma árvore avessa, uma alegria avessa, uma água que já estava na boca. A minha dor, eu resolvo. A dor do outro, não sei onde colocar, onde me colocar (...)."

domingo, dezembro 16, 2007

"A gente vem, conta uma história e vai embora"
.
Oscar Niemeyer

quinta-feira, dezembro 13, 2007

.
A cada suspiro profundo,
um pouco das dores do mundo
tomava forma dentro dela.
Cansada de guardar o que não era seu,
ela espirrou três dias,
até devolver ao mundo
tudo o que recebera ao longo dos anos.
Agora ela aprendeu a respirar:
inspira encantos e devolve amor."
.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Recado:

*Decepcionada com a escória humana. Daqueles que plasmam a personalidade de outrem para serem alguém. Daqueles que precisam destruir o outro para serem alguém. Daqueles que enganam, ou pensam que enganam, para serem alguém. Daqueles covardes sem personalidade própria que pensam ser "seres únicos". Daqueles "absurdos" que podem mentir todo o tempo, mas não pra sempre, sem serem descobertos. Daqueles que surpreendem pela maldade e desonestidade, achando-se sinceros. Daqueles que usam a mesma roupa, escrevem os mesmos versos e usam os mesmos adereços para parecerem alguém. Daqueles que se utilizam dos mesmos velhos truques para conquistar. Daqueles que escrevem a vida toda de mentira. Daqueles que se utilizam do verbo de outro para parecerem melhores, sem saber que não passam de versão mal elaborada. Daqueles pobres de espírito que nunca alcançaram o amor. Daqueles que nunca figuraram em branco porque escuros são. Daqueles que não têm a alma limpa, fazendo-se de limpos por fora. Daqueles que se martelam doces, simpáticos, bárbaros, sendo que bárbara é sua ofensa à humanidade. Daqueles que continuarão a viver em seu pequeno mundinho de horror. Daqueles insignificantes seres, que graças a Deus, são a minoria. Daqueles de quem a espécie humana se envergonha e sente pesar. Daqueles "alguém", que sendo "ninguém", não valem a pena.*

Pode parecer que não...

"Se tens um
coração de ferro,
bom proveito.
O meu fizeram-no
de carne, e sangra
todo dia."*
.
renneslechateau.blogger.com.br/

domingo, dezembro 09, 2007

Meus 27 anos...

.
"Voltei no tempo, meus cinco, meus sete, meus onze, meus quinze, meus dezessete, meus vinte, meus vinte e sete anos… Tempo que já fez girar muitas vezes os ponteiros das horas, dos dias, dos meses, dos anos, naquele relógio chamado Experiência de Vida. Tempo que seguiu a linha da vida como o rio que segue rumo ao mar, calmo aqui, agitado ali, despencando das alturas e fazendo muito barulho acolá, contornando algum obstáculo que lhe tentasse obstruir o caminho mais além, ou até mesmo passando por cima dele quando necessário.Voltei no tempo. Meus tempos de antes, tempos de aprender, de seguir em frente sem olhar para trás, tempo de apreciar e viver intensamente o momento, pois que só havia mesmo o presente. Para que remoer o passado? Para que pensar em futuro? Importante era o aqui e agora. Amanhã? Amanhã se pensava nele…Voltei no tempo.
.
(...) Voltei no tempo das longas caminhadas por trilhas, só, pé procurando pelo outro pé sem nunca se acharem, sem nunca se encontrarem, carimbando o solo empoeirado com a marca de pés descalços, ou poucas vezes calçados, que o vento se encarregava de ir atrás apagando para levantar uma nuvem de poeira. (...) Chegando ao destino cansado, sim; chegando ao destino sujo de poeira, ou sujo de barro, sim; mas sempre chegando feliz, de alma lavada, pronto para repetir tudo no dia seguinte, ou mesmo no mesmo dia, na mesma noite se necessário fosse, sem pestanejar.Voltei no tempo. A noite de lua cheia, clara que até dava para ler alguma coisa, ou então a noite de lua nova com o céu tão cheio de estrelas que não havia nele espaço para apontar sequer a ponta do dedo sem tocá-las. Mas havia a noite escura como breu, céu nublado, muitas vezes chovendo muito, a cântaros que por lá chovia assim, sem que pudesse enxergar nem um dedo colocado bem na ponta do nariz.
.
Voltei no tempo, não para reclamar da vida, não para fugir do presente para viver do passado. Voltei no tempo para vivenciar a magia que estes momentos me proporcionaram, para recordar o aprendizado que eles me deixaram, para continuar trilhando o mesmo caminho. Momentos de saber que estava no rumo certo, ou de entender o momento em que devia mudar uma trajetória qualquer. Voltei no tempo para incorporar mais energia no presente, pois o que temos de concreto na vida é apenas o eterno presente. Ontem foi hoje, amanhã será hoje, e o que eu tenho de fato é o hoje.Voltei no tempo, meus cinco, meus sete, meus onze, meus quinze, meus dezessete, meus vinte, meus vinte e sete anos…
.
(...) Voltei no tempo, os ponteiros giraram, mas o eixo que os fez girar, o ponto de apoio que os manteve no plano estão situados no centro deste plano, no local chamado HOJE. E este ponto independe de qualquer distância, está sempre ali, sempre presente, estático, pois que é um simples marco, o marco zero do meu universo. Neste ponto eu tenho o eterno presente. Deste ponto eu tenho uma visão panorâmica e atemporal do passado, e do futuro. Para este ponto apontam os vetores de todos os momentos dos intermináveis ciclos e dos infinitos recomeços da vida. Deste ponto eu posso apontar o obturador de minha câmara mental para congelar um momento de interesse para estudá-lo, aprofundar-me nele, entendê-lo mais a fundo, reprogramá-lo…
.
Fiz uma parada em minha viagem no tempo, num ângulo qualquer de um quadrante qualquer da elipse formada pelos contornos do relógio do tempo (pois que esta é a forma dos contornos do nosso universo, na visão dos astrônomos atuais) para observar. (...) Desta observação deduzi que não se pode atropelar o tempo de um aprendizado, sob pena de perder o momento mágico de seu entendimento.Não quis avançar no futuro nesta minha viagem porque sei que o futuro é o espelho do presente. Já o conheço. Tudo na roda da vida, presente, passado e futuro, está aqui e agora. Somente pequenos detalhes é que poderiam ser desconhecidos ainda. Mas para que tirar a emoção de senti-los plenamente no momento certo? Preferi deixar que o futuro me conte em seu momento."
.
www.rodolfolopes.net
http://www.clubeletras.net/antologias/voltei-no-tempo/

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Meu Jardim
Vander Lee
.
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minha fonte, meus favores
To regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
To limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho.
.
To bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Adiamento
.
"Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã e assim será possível; mas hoje não... Não, hoje nada; hoje não posso. A persistência confusa da minha subjetividade objetiva, o sono da minha vida real, intercalado, o cansaço antecipado e infinito, um cansaço de mundos para apanhar um elétrico... Esta espécie de alma... Só depois de amanhã... Hoje quero preparar-me, quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte... Ele é que é decisivo. Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos... Amanhã é o dia dos planos. Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo; Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã... Tenho vontade de chorar, Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro (...)"
.
Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

"Os que vencem não são aqueles
que ajuntam maior número de bens,
Mas os que descobrem o que significa dedicar a vida
a um propósito maior do que a si mesmo
."
.
Ruth Hayley Barton

domingo, dezembro 02, 2007

A mais pura verdade!

"Estou Cansado
.
Estou cansado, é claro, porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado. De que estou cansado, não sei: de nada me serviria sabê-lo, pois o cansaço fica na mesma. A ferida dói como dói e não em função da causa que a produziu.
.
Sim, estou cansado, e um pouco sorridente de o cansaço ser só isto - Uma vontade de sono no corpo, um desejo de não pensar na alma, e por cima de tudo, uma transparência lúcida do entendimento retrospectivo...
.
E a luxúria única de não ter já esperanças? Sou inteligente; eis tudo. Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto, e há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá, que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa."
.
Álvaro de Campos