Diário de Liv

quarta-feira, junho 27, 2007

Fui de encontro ao abismo das idéias, construindo bases firmes para os sonhos... que inocência a minha! Confundi desejos com meras fases da vida. A cada novidade eu tentava abstrair o que de fato era real... e fui imaginando ser possível registrar cada instante como se registra as horas. Eu não estava preparada para encarar o imprevisível, todos os momentos que não estavam nos meus planos. Mesmo assim, criei uma trilha secreta... códigos em páginas marcadas... metáforas que muitas vezes não diziam nada... palavras... palavras... Até que um dia encontrei um sorriso no rosto estampado de alguém que fez toda a diferença... precisei transmitir tudo o que eu sentia... não mais com as palavras... mas com a essência que eu descobri em mim.... tentei achar nome... medir seu tamanho... controlar seus passos.... equilibrar a euforia e a calmaria... estancar as feridas mais abertas.... doar o que eu tinha de mais apego... ser eterno cada momento vão... tão forte foi a paixão? Perguntei um dia. E acho que encontrei a resposta... a alma não tem desejo... ela apenas ajuda a bater mais forte o coração... E esse sorriso ficou marcado por tanto tempo.... que eu havia esquecido o quão bonito é ter alguém... com outro nome.... com outro rosto... mas mesmo tendo consciência disso, me desiludi por tantas vezes mais... pois eu pensei que era fácil esquecer... simplesmente dizer nunca mais... foi assim que me deparei com o destino... certas emoções passadas estarão sempre do meu lado.... o tempo neste caso não pode ser remédio... não existe fuga para o destino que já está certo... e apesar do vazio... e da falta que sinto de ver meu reflexo mais feliz, encontrei o melhor de mim.... encontrei a paz, a minha persona mais feminina... a intimidade madura de quem vive livre... encontrei a paz de estar somente assim: sozinha de alma mas envolvida com meus sentimentos... por tudo que me rodeia, por todos os meus dias.... por todas as criaturas que dediquei frases e poesias...
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LVM

sábado, junho 23, 2007

Adoro esse trecho!

"Somos!
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Somos:
Poéticos por natureza
Somos:
Caçadores de emoção
Sementes da alma!"
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Edson Kazuto Tagusagawa

quarta-feira, junho 20, 2007

Opinião que a todos os dias me desafia:

"Tenho a sorte, como quem por lá passa,
de ler estados de alma e opiniões,
narrativas e coisas de ser gente que ela escreve de modo peculiar,
e sem nenhuma fuga!
É um dos (meus) sítios de agradável passagem,
bem para mais de um ano e muito.
Mesmo (ou sobretudo) quando as palavras dela
interrogam coisas nos olhos e na alma.
Se e nos desafia..."
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Blog Espelhos e labirintos - Marise de Sousa

terça-feira, junho 19, 2007

02 anos de páginas marcadas!!!!

"(...) Deixaria neste livro toda a minha alma. Este livro que viu as paisagens comigo e viveu horas santas. Que pena dos livros que nos enchem as mãos de rosas e de estrelas e lentamente passam! (...) (...) Poesia é amargura, mel celeste que emana de um favo invisível que as almas fabricam. Poesia é o impossível feito possível. Harpa que tem em vez de cordas , corações e chamas. Poesia é a vida que cruzamos com ânsia, esperando o que leva sem rumo a nossa barca. Livros doces de versos sãos os astros que passam pelo silêncio mudo para o reino do Nada, escrevendo no céu suas estrofes de prata. Oh! Que penas tão fundas e nunca remediadas, as vozes dolorosas que os poetas cantam! Deixaria neste livro toda a minha alma...(...)"
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Frederico Garcia Lorca

segunda-feira, junho 18, 2007

"Tudo novo de novo"...

A OPORTUNIDADE DE VER UM DOS MELHORES SHOWS ... UM MOMENTO DE REFLEXÃO E COMEMORAÇÃO... DE SINTONIA... DE PURA ARTE...

Obrigada!



A Idade do Céu
Paulinho Moska
Composição: Jorge Drexler; versao: Moska
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sexta-feira, junho 15, 2007

«Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir.»
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Fernando Pessoa

quinta-feira, junho 14, 2007

Escrevo o que falo e o que escuto?

Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor, chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado, mas é exatamente o oposto. Para mim, que o amor se manifesta, a virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado, o amor está em movimento eterno, em velocidade infinita, o amor é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine? Minha resposta? O amor é o desconhecido. Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido. A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante. A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos e nós preferimos o leito de um rio, com inicio, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor. Não podemos castrá-lo. O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha, como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo. O amor, eu não conheço, e é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a vida é feita, ou melhor, só se vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto”.
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Paulinho Moska.

NUNCA!

"O amor que nunca fiz
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O amor que nunca fiz tinha cheiros de pecados
tinha um monte de carinhos guardados
tinha início com simples beijos
que terminava envolto em milhões de desejos
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O amor que eu nunca fiz era criança
Era alucinado e acalorado, era cheio de esperança
Depois virou adolescente e carente
mais tarde um senhor triste e empalhado
escondido dentro do passado
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O amor que eu nunca fiz tinha cheiro de jasmim
a cor da aurora e perfume de alecrim
Teria sido um instante de glória
talvez o começo de uma história
Chamava por mim
.
Sempre foi assim
No silêncio da madrugada,
em alguma hora encantada
Quente e louco, perturbado e indisciplinado
ele era a fantasia da alegria
escondido atrás da agonia
era medroso cheio de angústias,
partículas de tormento
Cheio de instantes e momentos
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O amor que eu nunca fiz me chamava me enfeitiçava
tentava me levar ao final da estrada
mas minha fuga sempre foi alucinada
Fuga de lágrimas sem palavras
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O amor que eu nunca fiz era gelado
Frio e molhado Doce e açucarado
Fugitivo e enraizado Seco e atormentado
Imperfeito e arruinado
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O amor que eu nunca fiz me deixou marcas
por toda parte por cada pedaço
do meu corpo nos lábios e no rosto
no peito e na emoção na saudade e no coração
ficou um vácuo uma ilusão
uma estranha sensação
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O amor que eu nunca fiz ainda me atormenta
ainda me alimenta ainda não se satisfaz
ainda não é capaz
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O amor que eu nunca fiz de certa forma eu já fiz
Quando olhei nos seus olhos
Quando beijei a sua boca
Quando fiquei completamente louco
Quando nas noites de verão peguei na sua mão
Quando o seu corpo encostou no meu
e enlouquecido eu quis o seu
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O amor que eu nunca fiz abriu-me uma porta
Iniciou uma história de derrota e de glória
De despedida e de partida
De amizade sofrida
De paixão Amor e dor
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O amor que jamais fiz
foi o nosso peso
Foi a nossa medida
A nossa dívida e o nosso pesadelo
Foi o nosso Desespero
e ficou sendo também o nosso segredo
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O amor que eu nunca fiz
foi justamente de todos
o que eu jamais quis"
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By Niteroiense Gilberto Maha

domingo, junho 10, 2007

ANTI-ROMÂNTICO

Em “Sem Fraude Nem Favor”, o psicanalista Jurandir Freire Costa, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, reúne todo um estudo sobre o amor romântico, desde os tempos da Grécia Antiga até os dias atuais. Se já foi pregado o fim da ideologia e o fim da História, seria, agora, o momento de chegar fim do amor? O autor aponta que o amor foi inventado pelo homem, da mesma forma que o fogo, a roda, o casamento, o computador, a democracia, os deuses. “Apesar do enorme prestígio cultural, o amor deixou de ser um puro momento de encanto para se tornar uma corvéia. Quando é bom não dura e quando dura já não entusiasma”, diz o psicanalista.
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De acordo com Freire, ao longo da História o amor esteve sempre inserido numa determinada ideologia, que direcionava seu foco de atenção. Na Grécia antiga, ele estava à serviço da verdade, da pólis. A cidade intervinha neste sentimento, que não podia ser autônomo como concebemos hoje. “O valor do amor para o grego era um valor submetido à idéia de verdade, da razão e do interesse pela pólis e da própria transcendência desse interesse pela pólis, como em Platão”, diz.
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Segundo o autor, com a expansão do Cristianismo, a virtude foi desviada do mundo terreno e conduzida para a cidade de Deus, como pregava Santo Agostinho. Uma época de abandono dos interesses mundanos da cidade. Um amor ideal era exaltado. Com a chegada da cultura burguesa, buscou-se uma amor harmônico com a sociedade que se organizava. Como aponta Freire, as correntes rousseauísta concediam o amor apaixonado, eufórico, mas que depois viesse a se tornar mais sensato, cristalizado, voltado para a família. No mundo atual, com a descrença em grandes ideais coletivos, a humanidade, segundo aponta o autor, colocou a satisfação individual como o caminho para a felicidade. O único caminho.
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O amor romântico se tornou a última porta para o homem encontrar a auto-realização. Centro de muitas expectativas, o amor foi colocado numa posição idealizada, tomando uma aura perfeita e eterna. “Como ninguém consegue preencher a contento tais papéis e funções — a não ser precariamente e por um pequeno período —, as expectativas idealizadas são sempre frustradas e o resultado é a oscilação entre a total descrença na possibilidade de amar e um culto cego ao romantismo (...)”, explica. Sobre a invenção do amor, a Psiquiatra Magaly Mendes destaca que toda a invenção tem por objetivo alcançar um fim, ou seja, desejar algo. “É mais do que evidente que aquele que ama deseja ser amado. É pelo amor do outro que amamos, seja este outro uma pessoa, coisa, idéia, Deus...”. Portanto, de acordo com a psicanalista, uma das funções do amor é preencher algo naquele que ama. Enquanto amamos, esta falta, este vazio, convertem-se num buraco obturado”, explica a médica.
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A psicanalista também lembra que é preciso considerar sua natureza diversificada e mutável. Isto significa que se pode considerar o amor em sentimentos que vão desde a ternura, amizade, cuidado, apego até a dedicação absoluta e adoração. Nesta era atual, até o amor ficou globalizado, aponta a psicóloga Figuerêdo. Em outras palavras, o amor foi sendo aprendido. Os veículos de comunicação, como a televisão e o cinema, segundo considera, contribuíram bastante com este fenômeno. Embora haja uma consciência que não há nenhum Romeu ou Julieta na nossa vizinhança, existem muitos modelos de amor, idealizados através de filmes e novelas, em que a pessoa gostaria de se ver representando aquele papel ou seu parceiro o fazendo.
Para ela, o importante é buscar a si próprio” e não seguir ou copiar modelos, salienta.
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Na era do descartável, o amor-romântico também é afetado. Nas palavras de Jurandir Freire, há uma “banalização do novo”. O bom é o novo, quando o novo deixa de ser novo perde a graça e precisa ser substituído. “As pessoas não querem mais compromissos. Elas não olham mais para os outros como alguém com quem quisessem construir uma história de parceria, de ternura - tudo aquilo que o amor tem de mais elevado”.
No ponto de vista do autor, tendo como base uma pesquisa que realizou, as pessoas se mostravam abertas ao amor, contudo diziam encontrar barreiras. É o medo de seu amor não ser retribuído pelo parceiro com a mesma intensidade. Como conseqüência disso, o que o psicanalista verificou foi um grande estado de apatia e de descrença em relação ao amor.
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Segundo Germana, a falta de tempo é um fator péssimo para nossos contemporâneos. Germana acredita que não adianta “remar contra a maré”. O importante é se adequar ao mundo moderno, mesmo com todas suas dificuldades e desilusões. Além disso, acrescenta que tempo disponível nem sempre determina tempo bem aproveitado. Em “Sem Fraude Nem Favor”, Jurandir Freire aponta que a crença no amor está com os dias contados. Segundo o escritor, o ideal de amor que nos foi absorvido é aquele herdado do Romantismo, “embalado de adiamentos, devaneios, esperanças no futuro, cheio de lembranças do passado...”. E é este amor, com estas características, que se contrapõe com a “paixão pelo efêmero”, presente nos dias atuais.
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Talvez o autor esteja realmente certo. O curioso vai ser quando este sentimento que, segundo Freire, virou sinônimo de quase tudo o que se entende por felicidade individual estiver totalmente desacreditado, como considera. Sem importantes ideais coletivos, sem o grande ideal para a auto-realização, em que se apegará o ser humano das próximas décadas? Enquanto este dia não chega, o estado emocional, do amor-romântico, continua a ser tema de filmes, músicas e de textos, de esperançosos poetas. Inventado e reinventado, ainda lembrado
.”
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Jornal Diário do Nordeste, Fortaleza, Ceará - Sexta-feira 20 de novembro de 1998

Muitos Capítulos...

"As páginas da vida são cheias de surpresas... Há capítulos de alegrias e também de tristezas; há mistérios e fantasias, sofrimentos e decepções. Por isso, não rasgue páginas e nem solte capítulos. Não se apresse a descobrir os mistérios e não perca a esperança. Pois muitos são os finais felizes..."

sábado, junho 09, 2007

É o meu desejo ou somente inspiração?

"Amor ...platônico"
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"Na filosofia de Platão, o amor era algo superior, muito mais que qualquer amor carnal e erótico que pudesse vir a ser realizado. Era o desejo de amor e exaltação ao belo, à tudo que há de mais perfeito dentro de um processo de crescimento pessoal e espiritual. Um amor sublimado, que sintetiza a beleza dos sentimentos mais puros e nobres. Um amor que não carece do contato físico, pois está acima dele. O que não significa contudo que ele não possa existir. Abro qui meu parágrafo para falar de um amor assim. De uma admiração enorme, de um carinho transcendente. Que independe de ser correspondido, mas que - ora, sejamos verdadeiros! - seria o próprio paraíso se correspondido. Não dói, não machuca, não fere. Talvez porque não esteja susceptível ao 'não', ao 'nunca', ao 'jamais'. É um amor tipo 'sonho de consumo'. Mas que não se quer consumir, porque tudo o que não se deseja é que ele se acabe. Porque independente de qualquer coisa, nos transforma em pessoas melhores, por tudo de belo que nos inspira e pelo tudo que de mais puro buscamos encontrar dentro de nós mesmos para entregar a ele. Porquanto somos humanos, e falhos, cheios de vícios e cicatrizes, sabemos que este nunca será o amor perfeito. Não. Mas de fato, isso é o que menos importa. O importante mesmo, é amar!"

Uma só palavra tua é poesia para mim!

"MISTERIO
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Uma só palavra tua
e o viver monótono que me acompanha
ganhará as cores do arco-íris,
subirá as montanhas do Nepal,
atravessará a Cordilheira dos Andes,
cruzará o Canal da Mancha
e se perderá no Triângulo das Bermudas.
Uma só palavra tua
e meus sentidos irão explorar a Floresta Amazônica,
fotografar o olho do furacão americano,
visualizar preces no Monte Sinai,
conferir a Muralha da China,
admirar as quedas do Niágara,
visitar as águas da romântica Veneza
e alcançar as neves do Kilimanjaro.
Uma só palavra tua
e o muro de Berlim que me rodeia cairá por terra,
libertando-me das garras do inferno de Java,
abrirá minhas asas para o vôo de Ícaro e,
queimando meus temores, fará pousar meus amores
na clareira recém-aberta, desenhada
pelo teu eterno sorriso de Mona Lisa."
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Flávio Vila-Lobos

sexta-feira, junho 08, 2007

"A POESIA É UMA SÓ
EU NÃO VEJO RAZÃO PRA SEPARAR
TODO O CONHECIMENTO QUE ESTÁ CÁ
FOI TRAZIDO DENTRO DE UM SÓ MOCÓ
E AO CHEGAR AQUI ABRIRAM O NÓ
E FOI COMO SE ELA SAÍSSE DO OVO
A POESIA RECEBEU SANGUE NOVO
ELEMENTOS DEVERAS SALUTARES
OS NOMES DOS POETAS POPULARES
DEVERIAM ESTAR NA BOCA DO POVO..."
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(EXTRAÍDO DO TEXTO "POESIA" DE ANTÔNIO VIEIRA, CONTIDO NO CD "PIRATA"-2006 - Maria Bethania)

quinta-feira, junho 07, 2007

"Arrumando a Casa"

"Quando se pensa que os tempos mudaram, ressurge com força total o assunto da poesia marginal, independente, ou de editora, jovem (ou não tanto), ocupando agora o espaço das editorias de cultura das revistas e jornais e até mesmo dos projetos de formulaçào da nova política culturalsocialista- trabalhista que seguramente vai esquentar o litoral carioca. Eu, que por volta de 72-75 tinha uma certa clareza sobre o tema, confesso que começo a sentir alguma dificuldade em pensar, com um mínimo de conforto, o "caso" poesia marginal. Olho em volta e vejo meus "companheiros de viagem" de então também cheios de ressalvas e prudências no trato com o assunto. É assim que aproveitando os ecos das últimas eleições, me proponho "arrumar a casa", discutindo "ao vivo", numa primeira conversa, com Carlos Alberto Messeder Pereira, autor da volumosa tese Retrato de época: poesia marginal, anos 70, defendia no Museu Nacional, à qual se seguirão outras no correr deste ano de 83.
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H.B.B. - Eu acho que uma primeira coisa curiosa que está dando para sentir com relação à poesia marginal é que seus críticos e legitimadores "oficiais" andam demonstrando um certo mal-estar diante do assunto. (...) A que se deve esse novo "cuidado" na praça?
C.A. - (..) O que me parece é que uma parte muito grande da poesia alternativa de hoje tem um valor muito mais sociológico - especialmente pelo agito, pela movimentação que promove - do que literário.
H.B.H. - O importante era exatamente a novidade do texto e a novidade da relação do poeta com a poesia. quando falo em novidade não estou falando do "novo", "ruptura", "invenção" como as várias vanguardas entendiam. A novidade vinha mais da ludicidade e do descompromisso como lema. E aqui leia-se descompromisso com o "acerto", com a dicção nobre, com o alinhamento em escolas, com programas políticos "didáticos", com a poesia com P maiúsculo das academias. O aspecto do jogo, do bom humor, da recuperação da primeira pessoa, do cotidiano. E isso vinha intimamente ligado com a atitude e o comportamento dessa geração que batalhava na linha da antiinstitucionalização latu sensu. A poesia alternativa que se faz hoje parece ter mantido a sugestão da publicação independente - fora das editoras - mas, por outro lado, traz cores e atitudes profundamente acadêmicas e institucionalizadas. Procura o prefaciador legitimamente, tem dossiers particulares de fazer inveja aos melhores portfolios das agências de publicidade, programas e idiossincrasias típicas da política literária do início do século, e, finalmente, um texto - na sua grossa maioria - neoparnasiano e moralista ou "facilmente" populista.
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'Os alternativos de hoje ostentam cores e atitudes cada vez mais acadêmicas'
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C.A. - A via do comportamento como possibilidade de intervençao crítica parece ter mudado de sentido com essa virada de década. Aliás, mesmo nos 70, o rendimento crítico do discurso calcado sobre o comportamento já não era homogêneo. Havia, por exemplo, o texto marginal que trabalhava o descompromisso num sentido mais crítico e, paralelamente, outro menos ágil, menos inovador, mais "universitário". Nesses casos, a crítica via comportamento não passava de uma repetição fria e descolada de alguns temas e gestos do desbunde. Naquele momento, a simples postura alternativa tinha um sentido crítico mais imediato, já que respondia a um Estado autoritário e com um projeto de modernização violento e excludente. Hoje esta questão do alternativo se tornou bem mais complexa. Vive-se um momento mais matizado de negociações, de institucionalização, o que exige uma desenvoltura que não é pequena. Era mais fácil localizar o inimigo...
H.B.H. - É engraçado, porque o alternativo de mais pique crítico de ontem se desenvolveu no sentido da conquista de mercado. E isso não quer dizer que "se entregaram". Ao contrário, parece que respondem ao movimento atual de "diálogo" (que o diga o Brizola). (...) O que não tenho visto mais é uma preocupação maior com o texto ou com a invenção em termos de atitude crítica. Acho que estou exercendo aquele terrível papel da "censura estética". Mas é por aí mesmo.
C.A. - Não é só uma questão de censura estética não. Embora a produção independente seja sempre um canal possível de expressão para quem não tem acesso garantido aos canais mais institucionalizados, dependendo do momento ela, em si, não tem necessariamente um valor crítico. Assim como a crítica apenas pela via da atitude não tem necessariamente sua eficácia garantida.
H.B.H. - Mas eu acho também que a poesia alternativa de hoje é uma outra coisa em relação aos grupos que nós trabalhamos dentro da movimentação da poesia marginal do período 72-78. Essa tomou um rumo próprio e está noutra. Agora, basicamente, nos livros.
C.A. - Você tem razão. O interlocutor real da poesia marginal carioca dos 70 não é essa produção alternativa, independente, de hoje, mas sim aquela produção poética paulista que se aglutinava em torno de revistas como Polém, Muda, Código e tantas outras. Inclusive as brigas e críticas aproximavam esses interlocutores e não outros. O que se tinha era, na verdade, a disputa entre uma certa concepção artesanal da produção cultural centrada na busca de uma linguagem informal e uma outra voltada para o registro do moderno, do técnico, do rigor teórico, de conteúdo mais programático, ligada à herança concretista."
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'O mais prejudicial à criação e à crítica é a intolerância ante a diversidade'
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HELOISA BUARQUE DE HOLANDA - Jornal do Brasil – Coluna B - 15 de janeiro de 1983

"Anos 70
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Estou cansado
E você também
Vou sair sem abrir a porta
E não voltar nunca mais
Desculpe a paz
Que lhe roubei
E o futuro esperado que não dei
É impossível levar
Um barco sem temporais. "
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Jards Macalé

quarta-feira, junho 06, 2007

O Verso...

"Nada me prende porque sou livre até de Mim. Não há posse no território que habito a partir do meu corpo, não há busca nem comércio em minha alma zen. Nada tenho que possa perder e nem há coisa alguma que eu queira ganhar. Hoje, nada me interessa além do que me toca o coração ensolarado, e nada mais divino do que essa inocência que trago no peito, pura, humana e gloriosa. Produto do meu próprio trigo, gume da minha própria faca, sou apenas o verso da poesia que me encanta. Sou meu movimento, meu vôo, meu Deus. Minha pátria, meu partido, meu clã. E vivo a delícia dessa incerteza dançante que se faz presente. Hoje, nada mais urgente para mim do que ser Eu."
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"QUANTOS POEMAS?
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De tudo o que eu mais preciso e me falta
nada se compara a um poema.
Escrever sobre um tema ou por nada,
escrever ou viver, meu dilema!
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Um poema de amor vale mais? Eu pergunto.
Se vivê-lo é um risco assaz!
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Ah! Minha sina nesta vida é aprender
Com quantos poemas se faz uma canoa para viver... "

domingo, junho 03, 2007

"Indecifráveis Madrugadas"

"As minhas canções inacabadas vão ficar como folhas no vento, cruzes na beira da estrada, quando cessar em mim a energia, o movimento. Mais do que cruzes, pousada, mais do que abrigo, alimento de uma aventura desenfreada, da minha breve estrada são os melhores momentos. Viajante, não lhes peça nada, além de esperança e alento, são folhas, são cadernos, são palavras, são indecifráveis madrugadas, deixe-as seguir no vento."
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Nuvens - Flávio Venturini

"Tenho te amado tanto e de tal jeito
Como se a terra fosse um céu de brasa.
Abrasa assim de amor todo meu peito
Como se a vida fosse vôo e asa.
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Iniciação e fim. Amo-te ausente

Porque é de ausência o amor que se pressente.
E se é que este arder há de ser sempre
Hei de morrer de amor nascendo em mim.
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Que mistério tão grande te aproxima

Deste poeta irreal e sem magia?
De onde vem este sopro que me anima
A olhar as coisas com o olhar que as cria?
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Atormenta-me a vida de poesia

De amor e medo e de infinita espera.
E se é que te amo mais do que devia
Não sei o que se deva amar na terra."
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Hilda Hilst

sábado, junho 02, 2007

Confusas Confissões!



Out Of Reach
Gabrielle
(O Diário de Bridget Jones)
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Knew the signs
Wasn't rightI was stupid for a while
Swept away by you
And now I feel like a fool
So confused,
My heart's bruised
Was I ever loved by you?
Out of reach, so far
I never had your heart
Out of reach,
Couldn't see
We were never meant to be
Catch myself
From despair
I could drown
If I stay here
Keeping busy everyday
I know I will be OK
But I was
So confused,
My heart's bruised
Was I ever loved by you?
Out of reach, so far
I never had your heart
Out of reach,
Couldn't see
We were never
Meant to be
So much hurt,
So much pain
Takes a while
To regain
What is lost inside
And I hope that in time,
You'll be out of my mind
And I'll be over you
But now I'm
So confused,
My heart's bruised
Was I ever loved by you?
Out of reach,
So farYou never gave your heart
In my reach, I can see
There's a life out there
For me

Refletindo a Indireta :

"Uma simples busca mostrou vários blogs com o mesmo “poema original”. (...)
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O problema é que isso não é exceção, é a regra. Por todo lado há textos copiados, textos mal-adaptados, textos levemente modificados. As piadas se repetem, as historinhas edificantes só mudam de localização geográfica, os alunos no ENEM continuam escrevendo as mesmas barbaridades que os do CESGRANRIO e os da UNICAMP. Gente que subestima a inteligência alheia repassa textos assustadoramente famosos como de sua autoria.
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A pergunta é: DÓI ser original?
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A blogosfera cresce a uma taxa de milhares de blogs por dia, mas o conteúdo quase não se altera. Nelson Rodrigues disse que 90% da produção humana é lixo. Eu acho que ele foi otimista. Raramente achamos textos bem-escritos, idéias originais e instigantes. Quase sempre os blogs caem nos modelos:
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§ Estilo sou-sensível-pra-pegar-mulher
§ Critica cinematográfica inconsistente por falta de background
§ Meu Querido Diário
§ Recorde Palavrões-Por-Minuto afinal aqui eu posso
§ Meu cantor sertanejo favorito e seu dia-a-dia em intervalos de cinco minutos
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Os blogs que saem desses modelos, ou conseguem ser originais neles são raros e carinhosamente preservados por seus admiradores. A constatação é dura mas realista: É muito mais difícil escrever do que aparenta. Criar um blog é fácil, qualquer idiota com conhecimentos mínimos de informática e semi-alfabetizado consegue botar um blog no ar. Eu consegui botar um blog no ar.
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Complicado é achar um tema ou um estilo, criar diariamente (ou mesmo eventualmente) em cima dele. Cronistas diários não duram muito, mesmo profissionais tarimbados. Sempre acabam fazendo a clássica crônica da Falta de Assunto. Mesmo assim, é a única forma de aprender. Errando, escrevendo mal, tentando de novo. Acima de tudo, lendo muito. Lendo tudo que cai na sua frente.
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Só que a maioria não tem paciência pra isso. Quer começar pronto, do nada absoluto ao estrelato blogueiro. Cheio de “nauns”, “entauns”, “pows” e “modos que”, mas querem. “no pain no gain”, pessoal. Do mesmo jeito que ninguém vai aprender a escrever de um dia para outro, não vai conquistar uma mulher bonita, inteligente, antenada e acima de tudo bem-informada com textinhos medíocres chupados da internet. Lavoisier determinou que na Natureza nada se cria, tudo se transforma. Chacrina determinou que na televisão nada se cria, tudo se copia. Eu acrescento que na Internet também.
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Estou dizendo que não é possível, que ela é refratária a textos, que só quer montes de músculos e trogloditas arrastando sua terceira perna no chão? Não, longe disso. Ela, como toda mulher, responde bem a textos. Washington Olivetto já dizia que o cartão é mais importante que as flores. O essencial aqui é que quanto mais complexa e interessante a mulher, mais complicado é o texto necessário para sensibilizá-la. Aquele papo da Vaca Bagual já não cola mais. Auto-elogios também nada dizem. Muito menos declarações de ordem monetária ou profissional.
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Gente que entra nos chats com nicknames do nível “Engenheiro28” ou “Médico31” só conseguem se aproximar de gente que se impressiona com nicknames assim. O que já diz tudo. Quer fazer sucesso com as mulheres, conquistar fortuna e glória? Seja original. Pare de ficar republicando tudo que recebe por email. Esqueça a obsessão por 10 ou 15 posts diários. Faça um, ou nenhum, mas de qualidade. Perca tempo, escreva e reescreva. Enquanto não tiver um editor na sua cola, seu único compromisso é com qualidade. Preocupe-se menos com resultados imediatos, escreva, guarde e leia dias depois. Analise o texto como se não fosse seu.
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Uma amiga resolveu me mostrar textos antigos, que escrevera dez anos atrás. Antes que eu pudesse falar, ela mesma comentava dos clichês, de como as situações haviam sido muito mais interessantes que as palavras davam a entender. Sugeriu inclusive reescrever, mas não é uma boa idéia. Há muita coisa nova pra se contar, não é preciso voltar aos antigos. Faça isso. Coloque no papel suas idéias, não tenha pressa em publicá-las. Separe o joio do trigo, só publique o joio se você for jornalista. Leia, assimile bastante e então escreva. Se não sair bom, tudo bem. É assim mesmo.
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Uma idéia original mal-desenvolvida ainda é muito, muito melhor que um texto maravilhoso copiado de outro autor. Gente que republica textos do Jabor, há aos montes. Gente que escreve textos que poderiam ser assinados por ele, somente um punhado."