Diário de Liv

segunda-feira, novembro 27, 2006

Estou cansada de tanta coisa previsível!

"Porque muitas vezes eu estive à sua procura, espreitando as ruas, as festas coloridas e os dias de chuva fina. Porque alguns sonham em te encontrar, mas você demora tanto de aparecer que perdem até mesmo as esperanças e negam que você sequer exista. Esqueceram-se, eles, de que você foi a busca primeira e definitiva de suas vidas vazias e de tão pouco sentido. E eles realmente não crêem que há sentido nisso tudo aqui e talvez nem em você e eu. Estamos todos cansados da festa que não acaba, das pessoas que não vão embora, dos penetras que interferem sem ser chamados. E chegam, alguns, a cansar de você. Porque acham que a festa, afinal, não vai mesmo terminar. Mas eu digo que sim. E dou um basta nisso tudo. Vamos embora nós, primeiro. Mesmo que sejamos os anfitriões de um evento qualquer. Vamos embora. Vamos pra longe. Fugir da rotina de olhos cansados, gestos previsíveis e frases desconexas. Teoria demais me causa apatia generalizada, mesmo que seja eu também um deles. Pensar tanto o tempo todo não te cansa um pouco? Não te faltam sensações demasiadamente humanas? Dessas que não te deixam escapatória, a não ser sentir? Sentir e esquecer do resto, sentir e querer dar tudo para ir embora da festa do apartamento ao lado. Despedaçar-se e se refazer inteiro, intacto, porque se reconhece pedaços reunidos por um laço tão fino... e profundamente poderoso."
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Show Salve Jorge



Oba Lá Vem Ela
Jorge Ben Jor

sexta-feira, novembro 24, 2006

Nostalgia na pele!

Hoje
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E hoje me estilhaço e me remonto em frases curtas, pensamentos voantes e sentimentos alógicos.
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Despedaçam-se por nostalgia plena, que arrebata feito lava quando toma uma cidade inteira.
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... me transmuto e colo com lembranças, pedaços meus, pedaços seus. Inteira me apresento: peça de saudade, de amor, de espera.
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Pedaços de uma peça inconjugável. Para que ventre, pele, boca, braços e alma estejam completos e embriagantes para quando você chegar.
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Sustentada nesse vai e vem de descompasso e felicidade. De lutas, mas de uma paixão absolutamente incondicional e fiel.
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Só teu, sou sua.
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"Faltas-me!
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Faltas-me
ainda que saciada
pelos dias plenos
da tua presença
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Faltas-me
mais ainda
se não estou só
e outros acordam
a distancia em mim
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Faltas-me
no tempo que desfio
em calendários
Faltas-me!
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E ainda assim te guardo
na força do meu querer
na paz que chegas
e te lembro
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No riso, na voz, nas marcas,
no lugar que o sonho traça
e a que regresso!
Se me faltas"
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Angela Santos

quinta-feira, novembro 23, 2006

Solitários!

"A verdade é que nós estamos todos tão sozinhos... Concordo. Uma estrela está sozinha, distante de todas s outras; um oceano sozinho; pássaros voam sozinhos; sete mares vivem absolutamente sós. O próprio sol, soberano no universo, fica lá longe com sua solidão. E nós mesmos somos todos assim, solitários, eternamente acompanhados por uma magnífica força da vivida solitude. Pedras sozinhas, flores sozinhas. Chega alguém e se vai, feito um trem que pára em estações e simplesmente prossegue depois. Já Ela permanece consagrada e proprietária de um coração."

Despedida
Sonia Pallone
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"...E eis que veio a palavra
O olhar sem tristeza
O coração frio...
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Na memória todo o filme,
já, sem cor...
Tudo acabou-se ali,
sem olho no olho
sem revolta e sem afago...
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Apenas o adeus,
simbólico,
na despedida sem abraço..."

quarta-feira, novembro 22, 2006

Onde está a loucura dos teus olhos?????

"Um dia amei-te e hoje não sei porquê. Fiz-te anjo, fiz-te rei, julguei-te perfeito. Abraçei a personagem que tão bem representaste e amarrei-a às entranhas do meu Ser. Nas mais geniais metáforas esperei-te... gentil, serena, paciente. A eternidade separou-nos, as palavras já não falam de amor, tudo o que foste, tudo o que me prendeu, dissipou-se na atmosfera sombria que nos cercou. Já não é a ti que vejo, não te reconheço, nem sequer sei porque te amo. Nunca te perdoarei teres esquecido tudo, teres-te contentado em apenas ser... apenas mais um... outro... alguém. O que fizeste à loucura que um dia vi nos teus olhos, à paixão que nos trouxe até aqui? Procura-a! Não a deixes desaparecer de ti, não te percas de ti mesmo, porque aos meus olhos já te perdeste, e tudo aquilo que um dia foste será sempre mais digno do que aquilo em que te tornaste."
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Procura perdida...

"Gente Perdida
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Eu fui devagarinho com medo de falhar
Não fosse esse o caminho certo para te encontrar
fui descobrindo devagar cada sorriso teu
Fui aprendendo a procurar por entre sonhos meus
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Eu fui assim chegando sem entender por quê
Já foram tantas vezes tantas assim como esta vez
Mas é mais fundo o teu olhar mais do que eu sei dizer
É um abrigo pra voltar ou um mar para me perder
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Lá fora o vento nem sempre sabe a liberdade
A gente finge mas sabe o que não é verdade
Foge ao vazio enquanto brinda, dança e salta
Eu trago-te comigo e sinto tanto, tanto a tua falta
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Eu fui entrando pouco a pouco, abri a porta e vi
Que havia lume aceso e um lugar pra mim
Quase me assusta descobrir que foi este sabor
Que a vida inteira procurei entra a paixão e a dor..."

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Carlos Augusto

terça-feira, novembro 21, 2006

Estou compreendendo:

"Tu pouco dás quando dás de tuas posses.
É quando dás de ti próprio que realmente estás dando.
É belo dar quando solicitado;
é mais belo ainda dar quando não solicitado;
dar por haver apenas compreendido."
GIbran Khalil Gibran
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"Dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha ou fatalidade,
não importa, estamos tão enredados que seria impossível recuar
para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes."
Caio F. Abreu
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"Só porque alguém não o(a) ama como você gostaria,
não quer dizer que não o(a) ame como pode"
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"Tudo que é novo incomoda.
A vida nos pega desprevenidos e nos obriga a caminhar
para o desconhecido mesmo quando não queremos,
quando não precisamos."
Paulo Coelho - Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei
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"O amor vive da incompletude e esse vazio justifica a poesia da entrega.
Ser impossível é sua grande beleza.
Claro que o amor é também feito de egoísmos,
de narcisismos, mas, ainda assim, ele busca uma grandeza -
mesmo no crime de amor há um terrível sonho de plenitude.
Amar exige coragem e hoje somos todos covardes".
Jabor

domingo, novembro 19, 2006

Saudade presa a mim...

"Saudades! Sim... talvez... e porque não?
...Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
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Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!

Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!
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Quantas vezes, Amor, já te esqueci,

Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
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E quem dera que fosse sempre assim:

Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"
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Florbela Espanca

Show da Nação Zumbi

O Amor é Filme
Nação Zumbi
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"O amor é filme! Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca
que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, é aventura, é mentira, é comédia-romântica
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Um belo dia a gente acorda e bum!
Um filme passou pela gente e parece que já se anunciou
O epísódio 2 é quando a gente sente o amor se apuletar na gente
tudo acabou bem e agora é o que vem depois
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É quando as emoções viram luz e sombras e sons, movimento
E o mundo todo vira nós dois, dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
E sobem os créditos
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O amor é filme e Deus expectador"

Será que sobrevivi?

"Sobreviverei a ti! Como sempre sobrevivi ao desamor. À banalização do meu amor.
Sobreviverei a ti, ainda que a alma amputada se esvaia em sangue.
Sobreviverei, ainda que me deixe morrer. Ainda que do peito nenhum grito de dor.
Nenhuma explosão de amor se ouça mais.
Sobreviverei mesmo quando mais nada haja a guardar.
Nenhum rosto a afagar. Nenhum gesto a ansiar.
Sobreviverei… Apenas porque assim é o destino."
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http://abrotea.blogspot.com/

sábado, novembro 18, 2006

"De tudo fica um pouco"

Parêntesis
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(Hoje me despeço de você, seu corpo já não estava mais dentro do meu, embora ainda estivesse entranhado no meu pensamento... Ao me despedir de você também estou me despedindo de uma parte de mim que não quer mais existir, minhas outras metades estão rebeladas e tomaram de assalto a minha vontade, fez prisioneira a minha dependência emocional de você.. o tribunal das minhas metades rebeladas condenou a minha lembrança de ti a morte... foi fuzilada por um pelotão de armas pesadas numa das esquinas da minha alma. Levastes muitas coisas contigo, mas também deixastes coisas tuas comigo, fiz uma imensa fogueira e as queimei, transformei minhas saudades de ti em fumaças... mas como diz o poeta Drummond, de tudo fica um pouco, e eu digo que em alguns casos mais do que deveria, as vezes menos do que merecia. Você já viu cair de um carro em movimento algumas peças e ele mesmo assim continuar andando? Assim sou eu agora...)
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Andre Luis Aquino

"Almas Paralelas
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Alma irmã de minh'alma, espelho vivo
de outro espelho fiel, que te retrata;
Alma de luz serena e intemerata,
cujo influxo de amor me tem cativo!
Bem sinto que em mim vives e em ti vivo;
no entanto (e eis o desgosto que me mata!)
De amor a doce vaga me arrebata,
e não posso atingir teu vulto esquivo.
O mesmo curso têm nossos destinos,
do gozo, o mel; da dor, os desatinos,
a um nada inspiram, sem que o outro inspirem;
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Mas, triste some! Ó bela entre as mais belas!
Eles são como duas paralelas:
- próximos correm, sem jamais se unirem!"
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Augusto dos Anjos

quinta-feira, novembro 16, 2006

A beleza que não se pode descrever...



Poema de Shakespeare - episódio "Self Esteem" do seriado "My so called life"
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"My mistress's eyes are nothing like the sun
Coral is far more red than her lips' red
If snow be white, why then her breasts are dun
If hair be wires, black wires grow on herhead
I have seen roses damasked,
red and white But no such roses see I in her cheeks
And in some perfumes there is more delight
Than in the breath that from my mistress reeks
I love to hear her speak, yet well I know
That music hath a far more pleasing sound
I grant I never saw a goddess go
My mistress when she walks treads on the ground
And yet, by heaven, I think my love as rare
As any she belied with false compare."
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Tradução
"Os olhos de minha amada não se assemelham ao sol. Os corais são muito mais vermelhos do que seus lábios.
Se a neve é branca, seus seios são pardos. E se cabelos são fios, fios pretos crescem em sua cabeça.
Já vi muitas rosas vermelhas ou brancas, mas não essas rosas vejo em seu rosto.
E em alguns perfumes há maior deleite do que no hálito de minha amada.
Adoro ouvi-la falar, mesmo sabendo que a música tem mais melodia.
Garanto que jamais vi uma deusa caminhar, mas minha amada ao andar pisa no chão.
No entanto, por Deus, acho o meu amor mais raro do que qualquer outro no qual já se acreditou"
Willian Shakespeare

Covardes!

"Nós
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Afinal o que sinto é o sofrimento atroz
de muito tarde descobrir que nunca falaremo sem nós...
Eu, serei eu, tu, serás tu, e eternamente assim
nem nunca me terás como queres que eu seja
nem serás como eu quero que sejas pra mim...
Muito tarde... muito tarde...
- depois que assim te quero, e preciso de ti
como os pulmões precisam de ar ou os olhos de luz,
é que vou descobrir que se ficarmos juntos,
eu poderia te odiar, tu poderias me odiar!
- Quem diria ao final, ao que o amor se reduz ?!
Estraguei a tua vida e desgraçaste a minha
e fomos acordar, os dois, tarde demais...
Agora, eu sigo só, tu, seguirás sozinha, eu, fugindo;
covarde!... a este amor que me espinha!
tu, querendo, - medrosa!... inutilmente a paz!
E o que é estranho afinal, é que nos amamos,
e sentimos no entanto que nos separamos,
cada um com a sua sombra dolorosaa sós...
- conformados, na dor cruel, nos convencemos,
de que nunca na vida, eu e tu... seremos nós..."
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J.G. de Araújo Jorge

quarta-feira, novembro 15, 2006

IMAGINAÇÃO

"Nunca pretendi ser senão um sonhador. A quem me falou de viver nunca prestei atenção. Pertenci sempre ao que não está onde estou e ao que nunca pude ser. Tudo o que não é meu, por baixo que seja, teve sempre poesia para mim. Nunca amei senão coisa nenhuma. Nunca desejei senão o que nem podia imaginar. À vida nunca pedi senão que passasse por mim sem que eu a sentisse. Do amor apenas exigi que nunca deixasse de ser um sonho longínquo.
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Nas minhas próprias paisagens interiores, irreais todas elas, foi sempre o longínquo que me atraiu, e os aquedutos que se esfumavam - quase na distância das minhas paisagens sonhadas, tinham uma doçura de sonho em relação às outras partes da paisagem - uma doçura que fazia com que eu as pudesse amar."
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(Livro do Desassossego: Composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa / Fernando Pessoa)

"Canção da Falsa Adormecida"
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Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
Hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
E escorrem dos meus olhos mais promessas.
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Não acredites neste breve sono;
Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios em meus lábios para ouvir.
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Nem acredites se pensas que te falo: Palavras
São o meu jeito mais secreto de calar.
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Lya Luft

terça-feira, novembro 14, 2006

Seu olhar é lindo!


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§ § §
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O seu adeus...

Já me perdi... e não encontrei rumo para a vida
O que era de vidro quebrou-se e não se pode substituir
Lembrar-te sorrindo tornou-se o princípio da tristeza
Que se alojou dentro de mim e não quer sair
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Que destino é esse que me fez perder a fé no amor
Que me fez tão infeliz e enchendo-me de dor
Só ficou o olhar de quem perdeu toda a pureza
Só ficou todas as dúvidas de todas as minhas certezas
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Mas não quero seu adeus... quero a eterna despedida
Começar e terminar durante toda a nossa vida
O que não permitimos sonhar e nem acreditar
Que sempre seremos a promessa de algum dia
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LVM

Minha convicção:

"A GRANDE LIÇÃO
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No meio dos melhores livros do mundo
O grande sábio,
Incontestável senhor da Verdade,
Curvou-se, um dia, sobre sua mesa
E derramou incontrolável tristeza
Que, desfeita em lágrimas,
Destruiu suas mais perfeitas teorias.
E, completamente alucinado de amor,
Chorou até morrer
Legando, como único conhecimento útil,
Sua convicção de que não há
Ciência possível
Para o amor, a dor e a vida."
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(Do livro Viagem aos Sonhos de Ninguém)

segunda-feira, novembro 13, 2006

"ATOS E SENTIMENTOS
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Somos donos

de nossos atos,
mas não donos
de nossos sentimentos;
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Somos culpados
pelo que fazemos,
mas não somos culpados
pelo que sentimos;
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Podemos prometer atos,
mas não podemos prometer
sentimentos...
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Atos são pássaros engaiolados,
sentimentos são pássaros em vôo"
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Mário Quintana

Hábitos...

"Havia vida para além das tuas palavras. E também dos meus pensamentos. Mas não conseguia esquecer. Não podia simplesmente desligar. E ficar ali a ouvir-te. Fixava o olhar num ponto qualquer e ali ficava, quieta. Absorta em mim. O que preocupava? Nada. Tudo. Se me tivesses perguntado em que pensava não te saberia responder. Na minha cabeça bailavam pensamentos, discorriam raciocínios. Sobre mim, sobre ti e de novo sobre mim. O que gosto, o que me incomoda. A vida e o comodismo a que me habituei. Como vês, nada. E tudo. Por isso o meu olhar as vezes entristece. Os dias vão passando, embora as horas se arrastem, demasiado lentas. Passa um, depois outro e no fim, passou já tanto tempo. E a mim, parece-me que nada mudou durante todo esse tempo. Parece-me que todos os dias são iguais em sim mesmos. Não muda nada. Noutros dias, os melhores, escondo a tristeza dos meus olhos e concentro-me. Digo para mim mesma que hoje vai ser diferente. E por isso, tento. E por isso, finjo. Sorrio para todos. Tento levantar o olhar do chão. Falo sorrindo. E todos acreditam. E não me questionam. E chego ao fim do dia (ao fim de umas horas) cansada de distribuir sorrisos. Esgotada de fingir o que não tenho. E por fim, escondo-me na escuridão da noite, no descanso fingido, para deixar então que se solte a alma. E que possa desamarrar-se. E chorar e sofrer sem que ninguém veja. Sem que ninguém desconfie. Sem que alguém me incomode. Posso, enfim, descansar. Até de mim."
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OLHOS ATEUS



"Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...
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Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...
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Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas era
Nos olhos teus.
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Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus."
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Vinicius de Moraes

"DEDICAÇÃO
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Pediste que te abrisse o coração,
Até que desvendasse alguns segredos,
Mas ao contar-te a vida e seus enredos,
Deixei-me dominar p’la emoção.
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Falei-te de vivências do passado,
De mágoas, alegrias, dissabores,
Falei-te até de causas e valores,
E vi-me a revivê-los a teu lado.
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E foi ao mergulhar em outras eras,
Que fiz extravasar os sentimentos,
Angústia e despertar de sofrimentos;
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Comigo estavas tu, como quiseras,
Tentando descobrir esse meu mundo,
Num gesto, sem igual, de amor profundo."
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Vítor Cintra “ Contrastes

quinta-feira, novembro 09, 2006

Dentro de mim...

"Nostalgia(Mellíss)
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Por quem brilha esta lua imensa e branca,
se em meu peito vai um coração sem âncora,
navegando sem destino ou esperança.
entre as sombras desta noite que amedronta?
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Por quem canta a voz do vento que me toca
se esse som que ele derrama sempre evoca
inequívoca presença dos silencios ?
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Por quem chora a vida em mim, se já não choro
essa mágoa que me fere e que deploro
...Quem ficou dentro de mim, se fui embora ?"

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".
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Ruy Barbosa.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Dia Fatal para um assalto!!!!!!!!!!

"O umbigo nosso de cada dia
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Cada um com o seu. O umbigo nosso de cada dia. Em torno do qual tudo gira, tudo acontece, tudo permanece. E somos deuses com nossos umbigos, preocupados que estamos com nossos negócios, nossas mazelas, nossa escuridão, nossa podridão. Não, ninguém há de saber o que se passa, pois somos só nós e nossos umbigos. Os senhores da vida e da palavra. Donos da verdade e da falta dela quando convém. Donos da dignidade que ninguém vê. Passeamos, pés acorrentados aos fantasmas do passado, e as marcas, juramos, ninguém as tem tão profundas e sulcadas, sangrando nossa última gota do sangue já gelado. Ninguém. Não olhamos para o lado, para o que agoniza caído ao chão, não. Porque nossa dor, ora, é infinitamente maior. Quem é fulano, com seu umbiguinho tão pequenininho para se achar no direito de sofrer mais, ou acreditar que sua dor seja maior? Não. Gente estúpida!! Quanta gente estúpida!! Restamos eu, e meu umbigo. E a dor, que é minha por merecimento. "
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Como pode um assalto ser tão banal?
Como pode eu não me sentir nem vítima, nem culpada?
Não senti medo e nem coragem...
A covardia do mundo de hoje é a mais pura verdade...
E a vergonha a pior mentira!!!!
Enquanto tudo é pura teoria
O pivete vai estar lá cumprindo Liberdade Assistida!
Hiii caramba!!! Acho que delirei demais!!!!

quarta-feira, novembro 01, 2006

"LAVOURA ARCAICA
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Enquanto você dorme,

eu sou a sua sobrancelha,
seu sonho, seu pijama,
o braço sob sua cabeça.
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Quando você acorda, eu sou o espelho,
a lâmina que desliza pelo seu rosto,
sua roupa, seu relógio, seu perfume.
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Você caminha,
Eu sou as chaves no seu bolso.

A paisagem no seu destino
Um desejo que cresce no seu corpo.
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E você retorna, me descobre de todos esses panos
planta suas raízes na terra que passei o dia preparando,
eu, saciada, adormeço e, enquanto durmo,
você é minha sobrancelha, o meu sonho, o meu desejo."
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Maria do Carmo F. Ribeiro