Diário de Liv

quarta-feira, março 29, 2006

As Aparências Enganam
Elis Regina
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"As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam

Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer, se não chorar sob o coberto
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
No insistente perfume de alguma coisa chamada amor."

segunda-feira, março 27, 2006

"É errado, portanto, censurar um romance que é fascinante por suas misteriosas coincidências (...)

mas é certo censurar o homem que é cego a essas coincidências em sua vida diária.

Pois sendo assim, ele priva sua vida de uma nova dimensão de beleza"

(Milan Kundera, A Insustentável leveza do ser)

domingo, março 26, 2006

TENSÃO
José Infante Néto
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"Momentos de tensão,
de nervosismo e de sufoco.
No olhar, apreensão,
pois agora falta muito pouco.
Mas tem gente demais sabendo,
tem intrometido se metendo
e quem deveria ser por último notificado
foi o primeiro a ficar informado.
São momentos de tensão
que escapam de nossas mãos,
quando só podemos esperar
o tempo ainda mais lento passar
até alguém decidir
que destino iremos seguir..."

sábado, março 25, 2006

Segue o Teu Destino
Maria Bethânia
Composição: Sueli Costa sobre poema de Ricardo Reis
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"Segue o teu destino, rega as tuas plantas
Ama as tuas rosas, o resto é a sombra
De árvores alheias
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A realidade sempre é mais ou menos
Do que nós queremos
Só nós somos sempre iguais a nós próprios.
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Suave é viver só
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente
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Deixa a dor nas aras como ex-voto aos deuses
Vê de longe a vida, nunca a interrogues
A resposta está além dos deuses.
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Mas serenamente
Imita o Olimpo no teu coração
Os deuses são deuses porque não se pensam"

quarta-feira, março 22, 2006

Nem tudo é Babilônia, nem tudo está perdido...Acredito em Energia

Amor Perdido Na Babilonia
Tribo de Jah

"Quanto tempo eu andei ... Estrada, sol, anseio e sonho, devaneio

Divagando eu me achei sozinho

Nesses anos todos, quantos planos, desencontros, desenganos, descaminhos

Oh jah! Parece tão difícil; Oh jah!

Difícil de encontrar ... O amor sem artifícios... Cansei de procurar

O amor passional como todo mundo sonha... É ilusão irracional, coisa vã e enfadonha

amor perdido na Babilônia

Procurando o amor em tempos tão maus ... Eu procuro o amor Incondicional

O absurdo hoje em dia se tornou o usual ...

Tudo é mera fantasia, é tudo tão banal Banal, é tudo tão casual, tudo tão banal

Já vaguei pelo mundo inteiro... Me deparei com as coisas mais medonhas

Pra meu desespero o amor verdadeiro parece perdido na Babilônia

Quanto tempo eu andei ... Ruas a fio no vazio tardio da noite

Só eu e o vento frio cortando a carne como açoite

No ermo das calçadas sobre o perfil sombrio e hostil das fachadas "

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§ § §

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Energia

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Mais do que mera coincidência, menos do que coisas do destino... não foi uma fatalidade e nem uma explicação lógica da realidade!

Foi o que a minha ilusão imaginou, o meu corpo desejou e a minha alma encontrou: Uma energia há muito tempo já perdida e vontades escondidas;

Mesmo assim não impediu a solidão e a tristeza de ser assim, pois o desejo não garante a reciprocidade do sentir;

Não impede que as sombras negras das máscaras deixem claros, os defeitos intimamente humanos como as mentiras, o egoísmo, o orgulho, as farsas...

Mas nada disso vai destruir a emoção que vivi. Não interessa... pode não ter nenhum valor sentimental, nenhuma loucura carnal ou influência espiritual... porque esse mistério está além desta esfera temporal.

E se foi por um breve momento, uma sina de tantas vidas ou mero registro do inconsciente coletivo... eu não sei! Não estou a buscar respostas, duvidar de palavras, questionar as provas... eu simplesmente acredito!

LVM

domingo, março 19, 2006

INSENSATEZ

"Do mal, muita coisa boa resultou.

Mantendo-me calmo, nada reprimindo, permanecendo atento e aceitando a realidade. Vendo as coisas como elas são e não como eu queria que elas fossem.

Ao fazer tudo isso, adquiri um conhecimento incomum, assim como poderes invulgares, de uma amplitude que jamais poderia ter imaginado. Sempre pensara que quando aceitamos as coisas, elas nos sobrepujam de um modo ou de outro.

Resulta que isso não é verdade em absoluto. É somente aceitando as coisas que podemos assumir uma atitude em relação a elas.

Por isso, tenciono agora fazer o jogo da vida, ser receptivo a tudo que me chegar, bom e mal, sol e sombra alternando-se eternamente; e, desta forma, aceitar também minha própria natureza, com seus aspectos positivos e negativos.

Assim, tudo se torna mais vivo para mim. Que insensato eu fui! Como me esforcei para forçar todas as coisas a harmonizarem-se com o que eu pensava que devia ser ... "

Carl Gustav Jung

Reflexões Junguianas

"Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é." Carl Jung

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" Os primórdios de todo o tratamento da alma devem ver-se no seu protótipo
- a confissão. Toda cura é autocura."
Jung

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"O que não enfrentamos em nós mesmos
encontraremos como destino."
Carl Jung

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"Todos nós nascemos originais e morremos cópias." Carl J. Jung

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“Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”. Jung

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"O amor mata o que éramos, a fim de que surja o que não éramos. O amor é para nós como uma morte". Jung

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"Onde o amor governa, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, falta amor. Um é a sombra do outro" Jung

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"O inconsciente sabe mais que o consciente mas seu saber é de uma essência particular, de um saber eterno que, frequentemente, não tem nenhuma ligação com o `aqui' e o `agora' e não leva absolutamente em conta a linguagem que fala nosso intelecto." Jung

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"O sonho é uma porta estreita, dissimulada no que tem a alma de mais obscuro e de mais íntimo; abre-se sobre a noite original e cósmica que pré formava a alma muito antes da existência da consciência do eu e que a perpetuará até muito além do que possa alcançar a consciência individual." C.G. Jung

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"Nenhuma circunstância exterior substitui a experiência interna. E é só à luz dos acontecimentos internos que entendo a mim mesmo. São eles que constituem a singularidade de minha vida". C.G.Jung

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"Quanto mais profundas forem as 'camadas' da psique, mais perdem sua originalidade individual. Quanto mais profundas ... mais coletivas se torna. ... O carbono do corpo humano é simplesmente carbono; no mais profundo de si mesma, a psique é universo" Jung

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"Aquilo que na vida tem sentido, mesmo sendo qualquer coisa de mínimo, prima sobre algo de grande, porém isento de sentido". Carl Gustav Jung

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"O encontro de duas personalidades assemelha-se ao contato de duas substâncias químicas: se alguma reação ocorre, ambos sofrem uma transformação". Carl Custav Jung


"A felicidade perderia o seu significado se ela não fosse equilibrada pela tristeza." Carl Jung

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"Carl Jung referia que o lado sombra da personalidade humana - e todos o temos - precisa ser assimilado, se quisermos gozar de alguma saúde psíquica; não se pode fingir que não está ali e simplesmente elidi-lo. Existimos como um todo, com virtudes e defeitos, com penumbras e lampejos mais ou menos fugazes".

quinta-feira, março 16, 2006

É fácil mas é difícil...

"Reverência ao Destino"

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

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Fácil é fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

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Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem para fazer.

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Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

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Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

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Fácil é dizer "oi" ou "como vai?" Difícil é dizer "adeus".

Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
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Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

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Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar.

E aprender a dar valor somente a quem te ama.
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Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

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Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.
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Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

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Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

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Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

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Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

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Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata
.”

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, março 14, 2006

Paradoxo

"A dor que abate, e punge, e nos tortura,

que julgamos às vezes não ter cura

e o destino nos deu e nos impôs,

é pequenina, é bem menor, e até

já não é dor talvez, dor já não é

dividida por dois.

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A alegria que às vezes num segundo

nos dá desejos de abraçar o mundo,

e nos põe tristes, sem querer, depois,

aumenta, cresce, e bem maior se faz,

já não é alegria, é muito mais

dividida por dois.

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Estranha essa aritmética da vida,

nem parece ciência, parece arte;

compreendo a dor menor, se dividida,

não entendo é aumentar nossa alegria

se essa mesma alegriase reparte."

( Poema de JG de Araujo Jorgedo livro- Festa de Imagens – 1948)

segunda-feira, março 13, 2006

Day by day...

Calling all Angels
Lenny Kravitz
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"Calling all angels
I need you near to the ground
I miss you dearly
Can you hear me on your cloud?
All of my life
I've been waiting for someone to love
Calling all angels
I need you near to the ground
I have been kneeling
And praying to hear a sound
All of my life
I've been waiting for someone to love
Day by day
Through the years
Make my way
Day by day
Through the years
Day by day
Through the years"

"O que eu penso sobre o amor entre duas pessoas?"

Ora, que difícil de responder.
Um dia eu achei que amar era guardar um sentimento platônico e perfeito por alguém distante, admirar, idealizar, sonhar com aquela pessoa, e desejar algo que nunca viria. Mas com o tempo, descobri que não podia ser só isso, porque o amor se alimenta de troca, não de ilusão.
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Depois eu achei que o amor era algo que nunca dava errado, um roteiro emocionante e bem escrito que, quando bem encenado, deixava satisfeito os atores e a platéia, ainda que fosse uma comédia de erros. E topei encenar alguns trechos. Mas comecei a pensar que não podia ser bem isso, porque o amor que não é feito de verdade e profundidade não sobrevive ao fim do primeiro ato.
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Aí eu comecei a pensar que o amor era um jogo de estratégia. Bastava escolher bem o parceiro, bolar os passos a serem dados e controlar as variáveis. Fiz muitas continhas, calculei bem direitinho, fiquei satisfeita com tanto controle e me sentia segura na mesmice do cotidiano. E tudo até que deu certo por um tempo. Mas aí eu descobri que amor sem emoção, sem imprevisibilidade e sem derrotas não aquecia o coração, ao menos não como eu acho que deva estar aquecido um coração que ama.
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Então veio a idéia de que o amor era um enchente de emoções, algo que, para ser bem forte, tinha que ser bem dolorido, bem intenso. Então eu amei desse jeito, chorava e sorria da maneira mais genuína que existe, dependi, precisei de alguém. Me sentia totalmente tomada pelo amor e tudo que vinha da pessoa amada. Mas então eu descobri que o amor não era só isso, porque quem ama precisa de paz quase na mesma proporção que precisa de inquietação, que amor não precisa doer tanto e que nenhum amor pode ser mais forte do que o amor que a gente sente por si mesmo.
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E foi quando veio a impressão de que o amor era um diálogo maduro e sensual entre um homem e uma mulher, um monte de conjecturas intelectuais entremeadas de encontros sexuais intensos e arrebatadores, que não precisava de nenhuma espécie de compromisso. E foi assim por um tempo. Mas depois ficou meio estranho, porque o amor parece pedir um pouco de parceria e aprofundamento, coisa que só se consegue com o coração aberto ( e não só o corpo e a mente ).
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Então eu comecei a investir em algumas experiências, porque pensava que o amor era algo que eu poderia ter pra mim, em mim, e que conseguiria tirando um pouco de cada pessoa com quem estivesse. Mas também não deu... Porque o principal do amor é ter um pouco de constância, de conhecimento de um outro, um mesmo outro que se deixa conhecer aos poucos, e sempre.
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Depois eu desisti do amor por um tempo. Porque precisava cuidar bem de mim, porque me magoei demais... Ou porque eu cansei, mesmo. Mas não existe cansaço que não se cure com um pouco de reclusão e descanso.
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E hoje, eu não sei bem o que o amor é, não. Não sei se é tudo isso junto, não sei se é nada disso. Só sei que ele já esteve comigo, e que faz muita falta.

De qualquer forma, é sempre um prazer descobrir...”
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Mafalda Crescida
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§ § §
Sempre
Chico Buarque
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"Sempre
Eu te contemplava sempre
Te mirei de mil mirantes
Mesmo em sonho estive atento
Para poder lembrar-te sempre
Como olhando o firmamento
E as estrelas cintilantes
Que se foram para sempre
No teu corpo em movimento
Os teus lábios em flagrante
O teu riso, o teu silêncio
Serão meus ainda e sempre
Dura a vida alguns instantes
Porém mais do que o bastante
Quando em cada instante é sempre"

quinta-feira, março 09, 2006

A favor ou contra!!!!!!

"O desejo do homem é pela mulher, mas o desejo da mulher é pelo desejo do homem."

Atribuído a Madame de Staël

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“Mulheres são como traduções: as bonitas não são fiéis. E as fiéis não são bonitas.”

Bernard Shaw

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"Ensinam-se os homens a pedir desculpas por suas fraquezas e as mulheres, a pedir desculpas por suas forças."

Lois Wise

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"Enquanto os homens se interessam por política e conquistas, as mulheres são atraídas pelo que acontece no coração e na cabeça das pessoas."

Marion Z. Bradley

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Em casa minha mulher é o governo, minha sogra, o ministro da defesa e eu o ministro da despesa.”

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"Quase sempre as mulheres fingem desprezar o que mais vivamente desejam."

William Shakespeare

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"A intuição é aquele estranho instinto que permite a uma mulher saber que está certa, esteja certa ou não."

Helen Rowland

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“Quando um homem inteligente encontra uma mulher burra,

eles têm um caso
Quando um homem burro encontra uma mulher inteligente,

eles têm um filho
Quando um homem inteligente encontra uma mulher inteligente,

eles têm um romance
Quando um homem burro encontra uma mulher burra eles se casam”

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"O casamento é uma loteria na qual os homens apostam a liberdade e as mulheres a felicidade".

quarta-feira, março 08, 2006

UM DIA DAS MULHERES

DECIFRA-ME!
Uma homenagem do Grupo DIVAS (Grupo em Defesa da Diversidade Afetivo-Sexual)
às mulheres, pelo 08 de Março
"Não sei quantos mistérios possuo, quantos sentidos me invadem,
quantos desejos invento, quantos amores revelo.
Por isso sou assim: reticências, penumbras, esfinges,
dúvidas, certezas, corações, delírios, fantasia.
Sou a máscara do drama que enfrenta
a comédia sem graça das piadas machistas, do preconceito visível
que derrama sobre nós a lama da insensatez, do que é desumano, vil.
Sou todas as faces marcadas pela agonia do não-direito,
da repressão, opressão, de um tempo marcado pelo autoritarismo,
pela violência de gênero, pela barbárie.
Sou o rosto enrugado que não é respeitado.
E surge em mim o desengano, o amargo da vida, o pessimismo,
a subalternidade, a lástima, a palidez de uma estrela não iluminada,
uma chama que já não queima.
Tenho medo e me vejo num esquivo usual dos perigos que me envolvem,
que me atormentam, que me perseguem secularmente.
E nos mares da complexidade que a cada instante emerso,
lembro-me das entranhas que se fazem vidas,
do fogo-fátuo que habita minhas florestas e sinto a força que me alicerça.
Lanço mão dos guardados de dentro de mim, dos frascos de coragem,
audácia, combatividade e malabarismos para enfrentar o dia-a-dia,
a labuta, os preconceitos, a violência covarde e sexista.
Eu sou essa dialética feminina que me revolve por dentro e por fora,
que se faz presente na marcha pela história.
Eu sou as contradições, o sexto sentido que funciona,
o olho que vê mais adiante da janela, a avidez da aurora,
as cores múltiplas e ousadas do arco-íris,
eu sou a esperança verdejante e primaveril.
Sou, também, o próprio escárnio, o beijo adocicado
ou aquele cheio de pecado cheirando a inferno.
Sou o canto das DIVAS, o som dos soluços que ecoam
dos rios de lágrimas que se formam meio à aridez do deserto,
sou o som dos tambores afros, da poesia agridoce e moderna de Hilda,
da pintura brasileiríssima de Tarsila,
sou o som das mulheres de Tejucupapo,
o som ignominioso e horrendo das mulheres violentadas,
machucadas, despedaçadas.
Mas há em mim o que nunca se sacia: o refazer...
De ser lirismo face a escuridão,
de ser a liberdade mediante à proibição,
de ser o grito quando se exige o silêncio,
de ser a flor quando os canhões já anunciam
em quase toda parte do mundo o estado de terror.
Eu sou essa mística que se fabrica no altar da luta,
pelas pétalas de tantas Rosas Luxemburgos,
de tantas Florbelas, de tantas Antônias, anônimas e Quitérias.
Sou essa poesia construída tacitamente,
feita de revolta, amor, de dores,
feridas saradas e cicatrizes ainda abertas.
Poesia cheia de sentimentos,
de desabafos poéticos com seus vôos diários
que alcançam sempre o imaginário, s
em ter a pretensão de decifrar a magnitude
e a sensibilidade de ser Mulher... "
Andréa Lima
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§ § §
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"Nada mais contraditório do que "ser mulher"...
Mulher que pensa com o coração, age pela emoção e vence pelo amor.
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Que vive milhões de emoções num só dia e transmite cada uma delas, num único olhar.
Que cobra de si a perfeição e vive arrumando desculpas para os erros, daqueles a quem ama.
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Que hospeda no ventre outras almas, dá a luz e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar mas não quer ver partir os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
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Que se enfeita toda e perfuma o leito, ainda que seu amor nem perceba mais tais detalhes.
Que como uma feiticeira transforma em luz e sorriso as dores que sente na alma, só pra ninguém notar.
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E ainda tem que ser forte, pra dar os ombros para quem neles precise chorar.
Feliz do homem que por um dia souber, entender a alma da mulher! "

terça-feira, março 07, 2006

Só as mulheres entendem...

  • Por que é bom ter cinco pares de sapatos pretos;
  • A diferença entre creme, marfim, e bege claro;
  • Que chorar pode ser divertido;
  • Uma salada, bebida diet, e um sundae de chocolate fazem um almoço ’equilibrado;
  • Descobrindo um vestido de marca em oferta pode ser considerada uma ’experiência de vida;
  • A inexatidão de toda balança;
  • Achar o homem ideal é difícil, mas achar um bom cabeleireiro é praticamente impossível;
  • Por que um telefonema entre duas mulheres nunca dura menos que dez minutos;

segunda-feira, março 06, 2006

"Se você quer mesmo saber": "quase enlouqueci". Mas hoje quero "Olhos nos Olhos, quero ver o que você diz"!

Porque eu sou "Aquela Mulher" que te fez muito feliz!!!!!!!
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Aquela Mulher
Chico Buarque
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"Se você quer mesmo saber
Por que ela ficou comigo
Eu digo que não sei
Se ela ainda tem seu endereço
Ou se lembra de você
Confesso que não perguntei
As nossas noites são
Feito oração na catedral
Não cuidamos do mundo
Um segundo sequer
Que noites de alucinação
Passo dentro daquela mulher
Com outros homens, ela só me diz
Que sempre se exibiu
E até fingiu sentir prazer
Mas nunca soube, antes de mim
Que o amor vai longe assim
Não foi você quem quis saber?"
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Olhos Nos Olhos
Chico Buarque

"Quando você me deixou, meu bem

Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer

Olhos nos olhos
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando, sem mais, nem por quê
Tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim

Olhos nos olhos
Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz"

Homenagem II ...

CHICO BUARQUE
Ele já foi considerado 'unanimidade nacional', chamado de 'alienado' pelos tropicalistas e invocado como 'a voz dos exilados brasileiros'. Hoje, é 'apenas' uma referência obrigatória em qualquer citação à música brasileira a partir dos anos 60 e foi eleito recentemente o músico brasileiro do século. Esse é um mero resumo do papel de destaque na música nacional exercido por Francisco Buarque de Hollanda, ou melhor, Chico Buarque. Nos últimos quarenta anos, não há como separar a influência poética, harmônica e melódica de suas composições do amadurecimento da MPB. Chico também fica marcado na música brasileira como o homem que melhor conseguiu compor como mulher. 'Mulheres de Atenas' é uma das pérolas de seu lirismo feminino.
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No meio dos anos 50, Chico começa a dar seus primeiros passos no mundo da música. Os sambas tradicionais de Noel Rosa, Ismael Silva e Ataulfo Alves eram os preferidos do jovem Chico, junto com as canções estrangeiras, que faziam sucesso na época, de artistas como Elvis Presley e The Platters. Mas, sua relação com a música foi definitivamente influenciada por João Gilberto e seu disco Chega de Saudade. Chico dizia que seu sonho 'era cantar como João Gilberto, fazer música como Tom Jobim e letra como Vinicius de Moraes'. Mal sabia o garoto que, algumas décadas depois, ele desbancaria esses grandes nomes e seria considerado o músico do século no Brasil.
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Ainda sem se decidir pela música, Chico ingressou em 1963 na FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Mas, sua turma gostava era mesmo de um bom samba e cachaça e, no terceiro ano do curso, Chico abandonou a faculdade. Em 1964 aconteceria a estréia de Chico na música, cantando 'Canção dos Olhos'. O ano seguinte delimitaria, definitivamente, a incursão de Chico Buarque no cenário musical do país com seu primeiro compacto - com a música 'Pedro Pedreiro' - e com o convite de Roberto Freire, diretor do TUCA, para musicar o poema 'Morte e Vida Severina', de João Cabral de Mello Neto. Chico tornava-se uma celebridade no país com várias de suas músicas inscritas nos festivais. 'A Banda', por exemplo, foi uma das vencedoras do II Festival de Música Popular Brasileira.
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Às vésperas do AI-5, que instauraria de vez um duro regime militar, os envolvidos na produção cultural eram 'obrigados' a tomar posições. Enquanto de um lado o tropicalismo propunha um rompimento estético com o belo e uma absorção do que também era considerado feio, a música de Chico tendia para o que ainda era bonito. Chico começou a ser criticado como 'alienado'. Sua música 'Bom Tempo' foi vaiada, pois não era possível falar em dias claros enquanto o céu brasileiro escurecia com a mancha da ditadura. 'Sabiá', uma parceria de Chico e Tom Jobim, recebeu a maior vaia da história dos festivais em 1968 e, mesmo assim, foi escolhida vencedora, desbancando o hino da oposição 'Pra Não Dizer que Não Falei das Flores', de Geraldo Vandré. Mas, a premonitória 'Sabiá' teria seu valor reconhecido tempos depois, quando se tornou um hino dos exilados brasileiros pela ditadura.
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Chico Buarque promoveu um auto-exílio em Roma. Em 1970, voltou ao país e lançou seu quarto LP. Chico deixou de lado o lirismo nostálgico e descompromissado que antes o identificava, e suas letras passaram a transmitir um protesto político mais duro ao regime ditatorial em que o Brasil estava imerso. 'Apesar de você' registra essa nova fase do compositor em uma referência implícita ao general Médici, então presidente da República. Muitas músicas de Chico começaram a ser barradas pela censura. Como forma de burlá-la, o compositor decidiu criar um personagem heterônimo chamado Julinho de Adelaide. A estratégia surtiu efeito e músicas como 'Acorda, amor' e 'Milagre brasileiro' passaram sem maiores problemas.
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Os anos noventa se anunciaram como um divisor de águas para parte daqueles que fizeram a MPB dos anos 60 e 70. Chico, Caetano e Gil foram segmentados e o popular perdeu a dimensão desses artistas, fazendo com que suas músicas ficassem voltadas para uma pequena parcela da população brasileira de classe média.
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Graziela Salomão
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Figuras do feminino na canção de Chico Buarque
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Na música de Chico Buarque a mulher é a eterna musa. Cantar com magia a sedução pelo feminino é a sua grande arte. Ele abarca desde a mulher dionísiaca, aquela que se oferece à felicidade plena, quase ingênua, à mulher da raça de Prometeu, racional e trágica como o próprio deus da civilização, do trabalho, da cultura e, também, da repressão. E há ainda, a mulher que encarna, a um só tempo, o papel de amante e guerrilheira, a exemplo de Bárbara, a amante de Calabar, que mantém viva a memória do morto cujo nome os portugueses apagaram de todo e qualquer registro. Ou a mulher de Atenas, prisioneira do inescapável papel social de "serva da espécie". É uma galeria interminável, modelada às vezes com suave lirismo, às vezes com dramas de separações dilacerantes, sempre com jogos de entregas, perdas, ambivalências e a infinitude da busca de felicidade, de amor.
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É esse universo que Adélia Bezerra de Menezes captura em Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque. A mulher surge como uma vigorosa metáfora da confluência do erótico e do político. Mais do que isso, emerge como o próprio eros de um povo que parece ambicionar, acima de tudo, a liberdade no prazer, independente do caos urbano, dos períodos de ditadura ou dos percalços pessoais. Em outras palavras, a imagem da mulher se sobrepõe a tudo: à cidade com suas multidões, às classes trabalhadoras, ao longo ciclo dos governos militares, ao futebol, ao carnaval e, assim, sucessivamente. Ela só não se sobrepõe ao próprio homem porque sem o masculino o elemento feminino se torna incompleto, sem a luz da chama que projeta o desejo para o infinito.
Em lugar de o que quer a mulher, ela pergunta: "O que querem a mulher e o homem?".
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Istoé Gente - 13/03/2002 - Francisco Viana - 06/11/2003

domingo, março 05, 2006

Me Deixe Sozinho
Paulinho Moska

"Quem é que tá dentro de mim que eu não conheço?
Quem é aquele que eu tô vendo no espelho e acho que não pareço?
Será que tudo que acontece comigo eu realmente mereço?
Ou então pode ser que a minha alma tenha errado de endereço?
Escrevi meu nome num papel, mas não consigo encontrar
Ninguém me avisou que eu tinha que decorar
E agora eu ando pelas ruas da cidade pr'eu poder encontrar
Alguma pista, alguma chance pra eu ressuscitar
Mas se ninguém sabe nada de mim
Eu sigo o mesmo caminho
Se eu não tenho princípio, nem fim
Me deixe sozinho"

sábado, março 04, 2006

Homenagem...

"Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces: Positiva e negativa
O passado foi duro mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria

Que eu possa dignificar minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações e me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.

Nasci em tempos rudes, aceitei contradições
lutas e pedras como lições de vida
e delas me sirvo

Aprendi a viver."

CORA CORALINA

sexta-feira, março 03, 2006

TÃO SUTILMENTE EM TANTOS BREVES ANOS

"Tão sutilmente em tantos breves anos
foram se trocando sobre os muros
mais que desigualdades, semelhanças,
que aos poucos dois são um, sem que no entanto
deixem de ser plurais:
talvez as asas de um só anjo, inseparáveis.
Presenças, solidões que vão tecendo a vida,
o filho que se faz, uma árvore plantada,
o tempo gotejando do telhado.
Beleza perseguida a cada hora, para que não baixe
o pó de um cotidiano desencanto.
Tão fielmente adaptam-se as almas destes corpos
que uma em outra pode se trocar,
sem que alguém de fora o percebesse nunca."

Texto extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim

quinta-feira, março 02, 2006

Ensinamento Chinês

"O DINHEIRO

Ele pode comprar uma casa

Mas não um lar

Ele pode comprar uma cama

Mas não o sono

Ele pode comprar um relógio

Mas não o tempo

Ele pode comprar um livro

Mas não o conhecimento

Ele pode comprar um titulo

Mas não o respeito

Ele pode comprar um médico

Mas não a saúde

Ele pode comprar um sangue

Mas não a vida

Ele pode comprar o sexo

Mas não o amor"