Diário de Liv

quinta-feira, julho 30, 2009

"Escuto o tempo. E descubro que dentro do silêncio cabem coisas que não ocupam espaços: o abraço dos cílios na orla dos teus olhos; b) que a pausa pode ser mais intensa que o aplauso; c) que a beleza quase sempre pode ser fotografada pela memória. (Quando a beleza borra o papel, não foi digna dos instantes);(…)"

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terça-feira, julho 28, 2009

asSUMIndo...

Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.” 

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Martha Medeiros 

Orgulho meu ou tolice sua? Que me adianta saber? Ainda tenho sentidos desconhecidos para compreender… Quando não apareceu e como uma fera te desafiei. Não me ligou… mas por que eu deveria esperar? Desesperadamente te induzi a me dizer adeus mas tu não me abandonaste só para me contrariar… causou com isso a minha ira ao responder com deboche as ironias minhas... e depois da turbulência veio a derrota escondida... fui medrosamente sincera e tu um dissimulado jogador! Apostaria na intuição de que perderias a máscara, porém, da maneira mais trágica a nossa emoção acabou. Senti de forma tão profunda essa sua falta que logo me esqueceste... respirei fundo quando me disse que nada fez de errado... e eu te digo que não há culpado. Os erros são todos meus... não deveria eu ter me envolvido... e mesmo assim... tu suspeitas que foi tudo calculado! Será que temos um motivo para esconder ou um segredo para revelar? Eis da minha parte a confissão do desejo em te dominar como faço no simples ato de sonhar todos os dias… mas por que atrapalhastes meus planos? Mesmo sem saber me seduziu e mesmo sem querer me arrebatou...fiquei confusa… indecisa… sem saber bem o que eu queria... tentei falar para que tu soubesse... mas não me decifraste. Te coloquei em uma improvisada armadilha e quem diria que se safaria... nem surpresa demonstrou! Disse-me apenas para deixar rolar... o que não estava mais em movimento... estagnando o melhor momento... o da saudade que ficou... A leveza das horas felizes tu levaste e eu segui carregando as minhas pesadas decisões. Ignoraste qualquer desculpa em que não pude lamentar a ausência de delicadeza... e o desprezo de qualquer lembrança entre nós. Uma difícil conformação mas eu resisti a tamanha covardia .... enquanto tu insistes em continuar fugindo... dessa certeza... que eu também sinto e não compreendo. Por isso não nego que estou esperando o arrependimento seu... ao dizer que tudo aquilo foi engano meu. Vou continuar desejando que tudo seja realmente mera tolice... que estou apenas impressionada com essa sensação de ausência... com as coincidências e outras crendices ... ou com o destino que nos cruzou! Ironia é saber que provar se a verdade minha ou a sua tem razão.... não vai modificar o que nos uniu e nos afastou. O sentimento que ainda persiste é tudo que existe... mesmo sem nenhuma reciprocidade... mesmo que triste... pois a saudade é mesmo injusta e cruel... não faz sentido se arrepender. Percebo que não me incomoda saber porque eu precisava partir para que ficaste livre... não me condeno porque essa minha coragem impediu de ter de volta o que eu já tive... ou porque não esqueci essa vontade que me consome e me divide... Apenas espero pacientemente a fatalidade do desencontro... ou a felicidade dos intantes ao seu lado... pela simples e perfeita melodia de te tocar... pelo intenso brilho ao te olhar... e que será especial hoje e sempre... Estou dizendo tudo isso por que? Acho que é para dizer que nem acredito que esse silêncio ainda fere! Mas não me atinge mais do que sentir a sua mágoa… quando a minha presença te incomoda… saiba que mesmo tentando… não adianta… não há uma resposta… nem com o tempo a gente esquece!

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LVM

segunda-feira, julho 20, 2009

FATALIDADES DEFINEM MEUS DESENCONTROS...

"Incendeiam-me ainda os beijos que me não deste
E cegam-me os acenos que me não fizeste
Da janela irreal onde o teu vulto
Era uma alucinação dos meus sentidos.
Mas, decorrida a vida, e oculto
Nestes versos doridos,
A saber que não sabes que te amei e cantei,
E nem mesmo imaginas quem eu sou
E como é solitária e dói a minha humanidade,
Em vez de te acusar e me culpar,
Maldigo o arbítrio da fatalidade
Que cruelmente nos desencontrou."
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Miguel Torga

"Ineditismo"

"Dos sentidos e das recordações 

Parte do que se vive, inventa-se. Interpretam-se dor e alegria. O que a gente lembra, ressignifica. Transforma em matéria-prima da transcendência. Eu excedo meus calendários, nele ensejo imaginações. Enredada no tumulto de horas já extintas, minutos por contar, contradito a angústia e o prazer da lembrança. No labirinto da memória, no sorvedouro da imaginação: o tempo depura na ampulheta a finíssima areia. 

Vivo no meu tempo e no de meu sonho. Devir de mesmos novos instantes, lançados ao fosso dos sentidos e das recordações. É lá que persistem as cores das muitas épocas, senil aquarela de tons vazados para o âmbar. A atmosfera, barroca, adivinha sombras dos lugares em que estive e que inventei. Anacrônica existência. Ocasiões difusas desenham-se na mente. 

O saudosismo não move essa marcha, é o vento que espalha em todas as direções, perfumes, gozos, poentes. Descostura caminhos, força eólica de invernos cedidos a vagas melancolias. E no meu lençol, hoje, o cheiro de velhas rotinas. À minha frente, o futuro, moço devassado de premonições. Dilata o que é conhecido e mágico. Metaforiza-se em natureza. 

Porque o tempo, se não é vento, é rio, seus muitos afluentes, descendo, subindo corredeiras, ganhando novos e imprevistos contornos. A cada ano, margeia coisas queridas, que vêm e vão. E a gente, com esse rio dentro, vive, saúda, e diz adeus. Quanto mais se vive, mais se quer viver, quase que sempre. Teme-se pelo muito [pouco, sempre pouco] que se já viveu. Nascer nos desabilita a eternidade. Precários, aprendemos a notar fatalismos, despedidas. Mais por não sabê-los. 

Precoce o sentimento que desde menina se entrevia na avó, sem que em ambas se ousasse ensaiar a partida. Convergidas essas filhas de Cronos, castigadas por grossa camada de rugas, infâncias mortas e ressurreições. Até breve, quem sabe -- arrisco uma tardia separação. Se o ocaso não suscitar a cadência das estrelas, e a poesia da fé não acontecer, talvez até nunca. 

Ainda jovem e já tanta partida, quando o sol nem invadiu o fim da manhã. Meu destino, arder nas três gradações de um dia. Se não houver despedida, porque a vida é soma de ineditismos e reencontros, os olhos, virgens ou cansados, continuarão a destilar nascimentos, divisando imagens antigas, e o deslumbramento das coisas vindas. "

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http://sedeemfrenteaomar.blogger.com.br/


segunda-feira, julho 13, 2009

Afterbelievers
Paul Nguyen

"Love is like your shadow, stop trying to chase after it,
because it'll run away from you. 
Learn hard to walk away from it 
than it'll come after you."

"Depois das crenças 
O amor é como a tua sombra, pare de tentar persegui-lo, 
porque ele vai fugir de você. 
Aprenda como é difícil a partir dele 
que ele virá atrás de você."
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Blog Viva a Poesia

A IMPRESSÃO QUE FICA...

"A saudade é um braço que cresce na ausência
ali
entre as omoplatas
atrás do coração que contrai
e dilata
A saudade é um braço que cresce com a ausência
até poder
cutucar o meu ombro
e me fazer olhar pra trás
sua sombra
A saudade é um braço que cresce na ausência
quando você vai
é a impressão
que fica."

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domingo, julho 12, 2009

FILME: "A dona da história"

“Eu sou a dona da minha história, não sou a atriz, 

mas sim a personagem principal do meu filme.”

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"Não é estranho que o homem da minha vida

 apareça justamente na minha vida?" 


filme: A 
dona da história
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"Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Y antes de morir me quiero
Echar mis versos del alma"
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Musica guantanamera

 







quinta-feira, julho 09, 2009

O melhor do Festival: Ultraje a Rigor

agora é tarde

ultraje a rigor

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O risco de eu me machucar era pequeno e mesmo assim
Não consegui me convencer que aquilo era bom pra mim
Minha cabeça paranóica não deixou eu me mover
Fiquei ali paralisado sem saber o que fazer

Agora é tarde como eu fui bobo em vacilar
Mas não vou mais deixar passar aquilo que eu quiser fazer
Ainda é cedo pra uma outra chance aparecer
E dessa vez eu vou fazer de tudo pra ela acontecer

Eu tive a chance e só o que eu tinha que fazer era ir lá
Me apresentar, nada de mais, era tão fácil de fazer
Eu tive medo e agora eu sei que é melhor se arrepender
Do que se fez do que não ter tido a coragem de fazer

Agora é tarde como eu fui bobo em vacilar
Mas não vou mais deixar passar aquilo que eu quiser fazer
Ainda é cedo pra uma outra chance aparecer
E dessa vez eu vou fazer de tudo pra ela acontecer 

SEM RESPOSTA

"Sem saídas - There`s no way out of here - David Gilmour

Ele habituou-se a ver as saídas a se fecharem uma a uma, como portas que se batem na falta de saudade dos que ficam para sempre. As promessas lavaram as mãos para a possibilidade dos cumprimentos. Poderia ter coadjuvado uma peça que falasse de um pote de ouro ao pé do arco-íris e uma oportunidade regada de pura sorte. Nada traçado além de uma única linha de cabimento para o primeiro nome de um amor do passado. Uma linha riscada no céu da lembrança por um jato que se destina a uma terra de nome saudade. E ele desperdiça o tempo como se a vida fosse o cumprir de meia eternidade.

A mentira disse que o tempo é um rio límpido corrente para o lugar aonde as vidas não sentem sede. A realidade escorre entre os dedos enquanto ele contempla os minutos deste rio, sente a partida em vazios que se confirmam por atestados. Não existem duas direções para quem precisa de uma chance. A coisa certa pode estar a um fio de distância do pior dos arrependimentos. Ele habituou-se a ver as saídas a se fecharem uma a uma, como portas que se batem na falta de saudade dos que ficam para sempre.

A ausência de respostas é um processo árduo para aquele que não nutre perguntas. E ele sabe que a tristeza de não ter aprendido a escutar se apresentará sempre que o escuro vier habitar os olhos que se negam a olhar adiante.

Não há respostas para si mesmo quando dentro se torna o esconderijo do “outro”. Tudo isso porque ele sempre olhou para o externo em busca daquilo que sempre disse coisas a respeito de seu umbigo de buraco negro. Ele habituou-se a ver saídas a se fecharem uma a uma, como portas que se batem na falta de saudade dos que ficam para sempre. As promessas lavaram as mãos para a possibilidade dos cumprimentos. Poderia ter coadjuvado uma peça que falasse de um pote de ouro ao pé do arco-íris e uma oportunidade regada de pura sorte."
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http://atalhosperifericos.blogspot.com/

sexta-feira, julho 03, 2009

"Afinal, nem tudo pode ser dito a todos, e, às vezes, nada pode ser dito a alguém, não importa quem seja. São momentos e circunstâncias em que o silêncio se impõe, mesmo que sacrifique por dentro."

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Vera Pinheiro 

"Mãos feridas na porta 
dum silêncio

Vida que às costas me levas

porque não dás um corpo às tuas trevas?

Porque não dás um som àquela voz

que quer rasgar o teu silêncio em nós?

Porque não dás à pálpebra que pede

aquele olhar que em ti se perde?

Porque não dás vestidos à nudez

que só tu vês?"

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Natália Correia

Poesia Completa

Memória !

"De tempos a tempos

de agoras em agoras

certas horas

certos momentos

chega mansamente,

como neblina ou fumo.

 

embacia-me o olhar

ofusca-me como raio de luz

e sem que quase dê por isso

leva-me a um canto sombrio cá dentro

e faz-me refém

depois deixa-me ali,

e como veio assim se esvai,

singrando na memória e na alma,

armado de saudade e ausência."

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http://espelhoselabirintos.blogspot.com/