"Se por experiência se adivinha, qualquer grande esperança é grande engano" (Camões)
.
"SONETO ANTIGO
Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.
Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.
O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.
Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento."
Cecília Meireles
"Não é de se estranhar o medo do apego em quem já se esborrachou mil vezes pelos trilhos da vida e do tempo. Mas como é difícil não se apegar ou impedir que a nós se apeguem! Pelo menos nas formas superlativas. Como é difícil fingir que ignoramos o olhar suplicante dos carentes de afeto; erigir um muro que impeça a ultrapassagem ao nosso universo mais íntimo e vulnerável; medir o tamanho de um abraço e a temperatura das palavras. Há que se pisar em ovos. Porém, fato é que quem assim se manifesta geralmente tem lá suas razões. Dentre elas, a de não querer abrir caminhos para uma possível dependência emocional - do outro e, por vezes, de si mesmo. Quem opta pelos desapegos, decerto muito já se apegou. E entendeu que de grandes apegos podem vir grandes dores mais adiante. Entendeu que laços, de início suaves, podem se transformar em nós inextricáveis, dissolúveis apenas ao corte brusco da lâmina fria e asséptica da razão. E esse "desapegado", portanto, não haverá de querer que o outro passe a morar em seu universo para ter que sofrer depois, quando descobrir que o melhor é habitar a si próprio, acima de tudo, ainda que numa construção precária. Apego, em princípio, é coisa boa e natural; o problema é que, com o tempo, esse sentimento - que nem sempre tem a ver com amor ou amizade em estado genuíno - tende a convergir para os exageros, e isso não é bom. E não é mais forte ou mais frio aquele que tenta evitá-lo. Muitas vezes o medo do apego carrega o apego do medo à realidade de quem muito sofreu. Medo de perder novamente a si próprio. Medo de ver ou outro se perder em quem, depois de múltiplos açoites, conseguiu se encontrar."
"Optar por não ficar no problema não significa dele fugir. Fugir do problema é quando se desconversa, quando não se enfrenta as verdades, quando não se encara os fatos, quando se mascara uma realidade. A fuga é um movimento fácil. E é o que a maioria faz para evitar desconfortos imediatos. Há sempre uma porta que foi esquecida aberta ou passagens subterrâneas que levam à ilusão de um outro lugar. Já escolher não ficar no problema exige muito mais de nossas forças e de nossa compreensão. Neste caso, a gente enxerga tudo, constata o obstáculo e sai sem fugir, espreitado pelo olhar vigilante da consciência. Sai porque entende que permanecer no que foi percebido como problema é o caminho mais fácil para se perder e se ralar. A fuga, mais cedo ou mais tarde, será sempre surpreendida pela própria vida que vem nos cobrar. Mas a opção consciente de não ficar é quase um ato de heroísmo, é uma escolha dolorosa para evitar dores maiores. Um problema é sempre um problema, desde o momento de seu diagnóstico. E insistir nele é uma teimosia improfícua. A melhor solução é, a meu ver, tentar eliminá-lo, sobretudo se o impasse não se resolve e torna a se repetir e repetir. Porém, sem fugir... Assumindo todos os ônus e riscos, sentindo as dores de todas as lesões que essa escolha ocasiona. Mas, afinal, o que é um problema, aqui neste contexto? - alguém poderá indagar. Um problema é tudo aquilo que suprime o bem-estar, que gera tensão, desassossegos ou inseguranças, eu diria. E quem gosta e consegue conviver com isso a longo prazo pode estar a um passo da insensatez. Eu não, eu não... Fugir não fujo, mas escolho não ficar."
http://www.quelquechose.net/qq/
"A tranquilidade e serenidade da alma tem mais importância do que habitualmente se atribui na vida!”
Ingrid Betancourt
.
“Vivíamos no barro, mas lá também tinha diamantes, optei por imaginar, portanto, olhar os diamantes, do que me fixar e me atolar no barro!”
Ingrid Betancourt
"ESTRIBILHOS