quinta-feira, fevereiro 23, 2006
Decisão (amor de Carnaval) Gilberto Gil "Eu não quero mais chorar Por causa de um amor qualquer Minha dor tem que acabar No carnaval, se deus quiser . Faz um ano deste amor Esperei até cansar Carnaval me trouxe a dor Carnaval tem que levar" |
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
As lembranças do passado ainda amargo... deixam detalhes doces na memória de quem não quer lembrar das flores, dos crimes perfeitos, das cartas guardadas, das fotos rasgadas... . Por que a estória deixou as marcas das mentiras, dos enganos, dos abandonos, das lágrimas, dos espinhos, da imaturidade... . Depois de tantos caminhos e longas estradas... Inevitável é o destino e o ser humano uma mera fatalidade. . Em muitas noites de sono divino, de pesadelos reais e imaginários, entre lençóis límpidos e imundos... haviam estrelas... havia paixão e suor . Mas os instantes são feitos para não durar... apenas o que fica de eterno é a intenção do sim e do não... os pactos fatais... as cicatrizes incuráveis do espírito, as forças da mente... . Antes não fosse a completa descrição da emoção e da razão... e é por isso que o medo se mistura com a raiva e a dor com o amor... . Entre os fios de cabelo, os sorrisos, o brilho... fica escondido o enigma das almas, confundindo tristeza e alegria... mas será verdade ou pura magia? . Essas loucuras não tem nome, não tem rosto... E portanto perturbam o mais calmo dos sentimentos... a pequena e imensa paz interior, o self, o alfa, o nirvana, o ponto de equilíbrio... e por que não O Supremo?! . Faz o sonho ser real... e a realidade ser cruel... transforma o sideral em um universo paralelo, a mais forte crença em primitivo mito, acreditando assim mais em delírio do que em princípio... é como buscar sempre o final sem ter tido um início... . Pois como saber qual é o fim da vida e o início da morte? E qual é o significado do azar e da sorte? Onde encontrar os mistérios e as fantasias que ficaram perdidas nesta passagem da vida? . Sobraram as dúvidas e as perguntas sem respostas... as pistas escondidas e os códigos subliminares do inconsciente... A única certeza é o que ficou no olhar: Há um tempo que não existe mais, que não voltará nunca mais... . Mas de todas as vitórias e de todas as derrotas... de todos os lugares, de todas as pessoas, de todas as horas... eu fui feliz por um momento, por um dia, por um minuto... . Hoje sei que tenho tanto... e ainda por incrível que pareça falta tudo! |
domingo, fevereiro 19, 2006
"Nem cedo, nem tarde. O presente é hoje. O passado está no arquivo. O futuro é uma indagação. Faça hoje mesmo o bem a que te determinaste. Se tens alguma dádiva a fazer, entrega isso agora. Se desejas apagar um erro que cometeste, consciente ou inconscientemente, procura sanar essa falha sem delongas. Caso te sintas na obrigação de escrever uma carta, não relegues semelhante dever ao esquecimento. Na hipótese de idealizares algum trabalho de utilidade geral, não retardes o teu esforço para traze-lo à realização. Se alguém te ofendeu, desculpa e esquece, para que não sigas adiante carregando sombras no coração. Auxilia aos outros, enquanto os dias te favorecem. Faça o bem agora, pois, na maioria dos casos, 'depois' significa 'fora de tempo', ou tarde demais." Emmanuel Do livro “Hora Certa” |
sábado, fevereiro 18, 2006
O Quereres
“(...) Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés e vê só que cilada o amor me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não queres como és
(...)
Onde queres quaresma, fevereiro e onde queres coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim, do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitamente pessoal, e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do que não há em mim”
Caetano Veloso
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
“Nessa trajetória de viver, ficou-me a certeza de que o bem supremo não é a vida mas uma vida digna; o bem maior não é o amor mas um amor que dê alegria e paz – e que, mesmo se terminar, continuará nos aquecendo na memória. E que há sempre, em algum lugar talvez inesperado, a possibilidade de música e vôo. Não há fase da vida para ser paciente e virtuoso; não há idade para ser belo, amoroso e sensual. . O amor nos faz melhores se tiver sido bom; nos ajuda a aceitar a transformação se tiver sido terno; nos ensina a respeitar a liberdade se tiver sido sagrado. E se for tudo isso, certamente será um amor demorado, um amor delicado, um digno amor: mesmo doente vestirá seu traje de baile para não perturbar a calma de quem é amado; mesmo solitário porá a máscara da festa para não inquietar quem precisa partir. . Não sei se fui capaz dele ou se o mereci, mas esse amor – cuja duração nem sempre importa – vale muitas vidas e não nos pertence. Foi colocado em nós como um aroma num frasco, guiado por outra mão que não a do mero acaso. Tem em si uma luz que a maturidade torna mais vibrante e espalhada – e, apesar das dores, muito mais enternecida.” . Lya Luft |
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
O meu sonho teve um fim!!!!!!
“Olhei pro amanhã e não gostei do que vi
Sonhos são como deuses
Quando não se acredita neles, deixam de existir
Lutei por sua alma, mas admito que perdi
E agora vou me perder nesse planeta conhecido
Intuir novos mistérios que ficaram escondidos
Naquelas palavras marcadas na sua carta de Adeus
Meu corpo vai sobreviver mesmo estando ferido
E até na hora de morrer eu não vou me dar por vencido
Porque sei que meus perdões vão estar bem ao lado dos teus”
Paulinho Moska
§ § § "Muito se louvou a arte do encontro, mas poucos louvaram a arte do adeus. No entanto, não há gesto tão profundamente humano quanto uma despedida. É aquele momento em que renunciamos não apenas à pessoa amada, mas a nós mesmos, ao mundo, ao universo inteiro. O amor relativiza; a renúncia absolutiza. E não há sentimento mais absoluto do que a solidão em que somos lançados após o derradeiro abraço, o último e desesperado entrelaçar de mãos. Arrisco mesmo a dizer: só os amores verdadeiros se acabam. Os que sobrevivem, incrustados no hábito de se amar, podem durar uma vida inteira e podem até ser chamados de amor mas nunca foram ou serão um amor verdadeiro. Falta-lhes exatamente o Dom da finitude, abrupta e intempestiva. Qualidade só encontrável nos amores que infundem medo e temor de destruição. . Não se vive o amor; sofre-se o amor. Sofre-se a ansiedade de não poder retê-lo, porque nossas cordas afetivas são muito frágeis para mantê-lo retido e domesticado como um animal de estimação. Ele é xucro e bravio e nos despedaça a cada embate e por fim se extingue e nos extingue com ele. Aponta numa única direção: o rompimento. Pois só conseguiremos suportá-lo se ocultarmos de nossos sentidos o objeto dessa desvairada paixão. Mas não se pense que esse é um gesto de covardia. O grande amor exige isso. O rompimento é sua parte complementar. Uma maneira astuciosa de suspender a tragédia, ditada pelo instinto de sobrevivência de cada um dos amantes. Morrer um pouco para se continuar vivendo. E poder usufruir daquele momento mágico, embebido de ternura, em que a voz falseia, as mãos se abandonam e cada qual vê o outro se afastar como se através de uma cortina líquida ou de um vitral embaçado. . A visão é o último e o mais frágil dos sentidos que ainda nos une ao que acabamos de perder. Uma grande dor, uma solidão cósmica, um imenso sentimento de desterro. Que se curam algum tempo depois com um amor vulgar, desses feitos para durar uma vida inteira..." Jamil Snege Graduou-se em Sociologia e Política. Escritor e publicitário. |
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
"MUDAM-SE OS TEMPOS... Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades." Luís Vaz de Camões
“Eu amo tudo o que foi Fernando Pessoa |
domingo, fevereiro 12, 2006
Pequenas frases...
“Devemos aceitar o que é impossível deixar de acontecer."
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"Morrer é quase nada, horrível é não viver"
Vitor Hugo
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"Não chore porque acabou, sorria porque aconteceu." . . "Alguma coisa misteriosa nesse universo é cúmplice dos que só amam o bem." Simone Weil . . "A felicidade que preciso não é a de fazer o que quero, mas a de não fazer o que não quero." Rousseau . . "Onde existe a possibilidade de ódio, existe também a possibilidade de amor; basta fazer uma escolha." Tillich . . "A distância nunca é longa quando o que esta em jogo é a emoção" |
sábado, fevereiro 11, 2006
"A vida é uma coisa, o Amor é outra"
"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é o mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo o que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavanderia. . Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e á mínima merdinha entram em “diálogo”. O amor passou a ser passível, de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócia-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único e verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. . Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão covardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casaizinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços e muitas flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. O amor é o amor. . É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazerem felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida as vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. . É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que invente e minta o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura à vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também." Texto de Miguel Esteves Cardoso. |
quinta-feira, fevereiro 09, 2006
"Agora vou para onde for"...
“Até quem sabe Até um dia, até talvez, até quem sabe Até você sem fantasia, sem mais saudade Agora a gente tão de repente Nem mais se entende, nem mais pretende Seguir fingindo, seguir seguindo Agora vou para onde for Sem mais você, sem me querer Sem mesmo ser, sem me entender Vou me beber, vou me perder Pela cidade, até um dia... Até talvez, até quem sabe “ João Donato – lysias Ênio *** *** *** "Mordaça Tudo que mais nos uniu separou Tudo que tudo exigiu renegou Da mesma forma que quis recusou O que torna essa luta impossível e passiva O mesmo alento que nos conduziu debandou Tudo o que tudo assumiu desandou Tudo o que se construiu desabou O que faz invencível a ação negativa É provável que o tempo faça a ilusão recuar Pois tudo é instável e irregular E de repente o furor volta O interior todo se revolta E faz nossa força se agigantar Mas só se a vida fluir sem se opor Mas só se o tempo seguir sem se impor Mas só se for seja lá como for O importante é que a nossa emoção sobreviva E a felicidade amordace essa dor secular Pois tudo no fundo é tão singular É resistir ao inexorável O coração fica insuperável E pode em fim se imortalizar" Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro |
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
Não diga nada... apenas diga-me tudo!!!!!!
Para dizer não Não quero vê-lo Mas penso em te encontrar Não quero tê-lo Mas por ti sinto desejo Não te quero Mas julgo-me um dia te querer Não te esqueço Mas desejo te esquecer Não sinto-me só Mas sinto uma falta que não condiz Não sinto-me triste Mas também não sou feliz Não digo tudo Mas o importante é o que fiz Não digo nada Mas o meu silêncio tudo diz Não te culpo, Mas eu era a sua salvação Não te perdôo Mas espero o seu perdão Não quero chorar Mas não consigo sorrir Não quero sorrir Mas não consigo chorar LVM |
domingo, fevereiro 05, 2006
If you're feelin' sad and lonely
"AQUELA DOR... A dor de ser todos [e nada ser] A dor de ser tudo Pode ser... a dor de apenas não fazer acontecer Quando podia. Pudera, era ela, a dor, a causa da inércia E a fonte de energia que recusava, Na sarjeta, em anestesia, Nos dias de más companhias [de mim mesma]. A dor de saber do fim sem começo Do vazio do sozinho, da frieza do riso gratuito Nas bocas escancaradas da verdade... Qual? A que encaixa, a que serve, a que absolve. Aquela que não se conhece, Nem o espelho que encara [Protegido] O semblante de ninguém." Lílian Maial |
§ § §
"O que há de vir, se tudo que veio, parece que foi
mas cá permanece e mesmo com prece recita-me "oi"
dizendo em volteio que não quer partir?"
Alma Nua
§ § §
"Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!..."
Florbela Espanca
§ § §
"Não te canses de amar. É possível que a resposta do Amor não te chegue imediatamente. Talvez te causem surpresa as reações que propicia. É possível que a aches desencorajadora. Sucede que, desacostumadas aos sentimentos puros, as pessoas reagem por mecanismos de auto-defesa. Insistindo, porém, conseguirás, demonstrar a excelência desse sentimento sem limite e mimetizarás aqueles a quem amas, recebendo de volta a bênção de que se reveste. Ama, portanto, sempre!"
Joanna de Ângelis
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
Nunca me esquecerei do que não houve entre nós. Da tua ausência enchendo de espera tomando de desespero os restos do nada. Jamais apagarei da memória o que não aconteceu, o que eu tanto queria, o que desejei com força e o destino cuidou de evitar. A lembrança ainda é úmida, a saudade beija a razão. É recente a brasa, ardente e perene, dos sonhos em vão de todo um momento que não passou." |
"Quase"
"Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase! É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor. Mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando... Fazendo que planejando... Vivendo que esperando... Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu." Luís Fernando Veríssimo |
quarta-feira, fevereiro 01, 2006
"SONETO DA CONFISSÃO . Se eu guardo algum segredo em discrição, em versos, tento, aqui, me desvendar. E rimo linhas de revelação com a noite escura a me testemunhar. É fato: durmo e acordo em tua intenção, por mais que eu insista em relutar. E, similar a um vício, uma compulsão: fraquejo e, a ti, eu volto a me entregar. Depois, recebo uma dupla punição: enquanto, eu faço par com a solidão, tu és de outra, ainda, sem pesar. Então, encarno uma ré em confissão e rogo pela minha absolvição de tal pecado cego: o de te amar." Alma Nua |
"DESTRUIÇÃO |
Confidências...
"Ninguém conseguia acreditar quando eu me apaixonei pela dor Mas ela me esperava na esquina, e usava seu vestido de amor Tinha uma beleza infinita… até pensei que era feliz Mas ao provar da sua bebida meus olhos viraram chafariz A Verdade também dói, mentiras falsas me destróem Eu aquecia nosso inverno falando de futuros verões E ela me dizia : "Eterno" é sinônimo de 'Ilusões' ". Paulinho Moska . . "Gostaria de poder de repente te dizer:Vamos voltar pra casa... (Como se felicidade pudesse ser uma coisa a que tivéssemos direito como toda gente) Queria partilhar contigo os momentos menores da minha vida, porque os grandes já são teus." (Poema de JG de Araujo Jorgedo livro – A Sós – 1958 ) . . as várias dimensões de amar. nem justificativa cabível. É simples, transparente. Amo por que amo, por que amaria de qualquer maneira." Cláudia Mmarczak . . "Parte. E que nunca sofrer alguém te faça o que sofri com o teu ingênuo amor; - pensa que tudo morre, tudo passa, que hei de esquecer-te, seja como for... Pensa que tudo foi uma tolice... Só mais tarde, bem sei, - compreenderás as palavras de dor que não te disse e outras, de amor... que não direi jamais!" ( Poema de JG de Araujo Jorge, do livro " AMO ", 1938 ) |
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A síndrome do "SERÁ?" Coluna Paulo Angelim "Não sou masoquista. Não tenho compulsão em sofrer, nem, sadicamente, gosto de ver o sofrimento do outro. Uma vez, ouvi de uma amiga a seguinte afirmação: "Não gosto de sofrer!". Ora, tenho certeza que a esmagadora maioria das pessoas responderia o mesmo, se lhes fosse perguntado se gostam de sofrer. Ninguém gosta, ninguém quer. POIS ESSE É O PROBLEMA!!! Explico. O sofrimento, a dor, é inevitável, faz parte da vida, da existência. Mostre-me alguém que nunca sofreu e lhe mostrarei alguém que não tem sentimentos ou que ainda não viveu. . O problema não está no fato de não gostarmos de sofrer, ou de sentir dor. O problema reside no fato de pessoas desesperadamente lutarem para evitar o sofrimento. Pense bem: se ele é inevitável, então é loucura, tolice, ou perda de tempo lutar desesperadamente para evitá-lo. Ele virá, quer você queira ou não. O correto seria criar uma mente e coração preparados para o sofrimento. Pessoas que gastam suas energias e seu tempo tentando evitar o sofrimento esquecem de construir as condições necessárias para enfrentá-los. Tornam-se débeis, frágeis, enfim, despreparadas. Não reúnem as características de personalidade e caráter necessárias para enfrentar e superar a dor, principalmente a da alma. Ou seja, NÃO TÊM DEFESAS, pelo simples fato de terem evitado se expor às contrariedades. . Você conhece bem o princípio fisiológico da imunização, ou do que chamamos "criar defesas no organismo". Pois bem, não é diferente na alma. Pessoas que evitam sofrer não crescem, pelo simples fato de não quererem correr o risco de sentir a dor do fracasso. Elas, antecipadamente, visualizam a derrota, imaginam a dor conseqüente da mesma, e não dão um passo à frente. Esse é o problema de quem evita o sofrimento: se esconde do avanço, do crescimento e do sucesso. Por que não querem sofrer não concorrem às melhores posições no trabalho; não investem nos relacionamentos que tanto desejam; não ousam em suas idéias e projetos por medo da rejeição. Elas voam baixo, sonham pequeno, crescem pouco. Mal sabem elas que é na dor, no sofrimento que se mais cresce. . Não existe quebra de recordes, grandes vitórias, superação sem o sofrimento da dor. Lógico que também crescemos na vitória, na conquista. Mas este é um crescimento que traz embutido sua parcela de perigo, pois pode gerar uma falsa sensação de poder, de suficiência, de perfeição. A dor da derrota, da rejeição, do desprezo PODEM ser transformadas em poderoso combustível para a melhoria, para o aperfeiçoamento, enfim, para o crescimento. Mas não se consegue isso com uma postura de "não quero sofrer". Eu não estou falando de criar em você uma pessoa insensível, dura, amarga. Engana-se quem pensa que essas pessoas, por agirem assim, estão mais preparadas para enfrentar o sofrimento. Essas, na verdade, sofrem mais. . Já lhe falei, sofrer e sentir as dores conseqüentes do sofrimento são inevitáveis. Os duros, frios e amargos sofrem mais porque não dão vazão à dor, e se encolerizam. Pelo contrário, se preparar para a dor do sofrimento significa amolecer a alma, tornar-se mais flexível, aceitar as contrariedades, mas tomar a decisão de APRENDER COM ELAS. A pergunta diante da dor deveria ser: "e agora, o que eu faço com você: me abato ou aprendo e me supero?" É necessário que compreendamos que sofre mais quem sofre antecipadamente, porque além de ter que duelar com a mediocridade e nanismo de seu caráter e valor, carregará para sempre a dor da dúvida: "será que eu conseguiria; será que eu conquistaria; será que eu venceria?" É a síndrome do "será"! . Pois eu lhe pergunto: será que vale à pena viver assim? Será que faz sentido viver evitando a dor? SERÁ?" . . |
"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar."
William Shakespeare